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quarta-feira, 18 de setembro, 2024
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2º julgamento da Operação Omertà: delegado chorou ao lembrar de plano para matar investigadores do caso

Durante o seu depoimento no 2º julgamento da Operação Omertà, que acontece nessa segunda-feira (16) no Tribunal do Júri de Campo Grande, o delegado de polícia Tiago Macedo chorou ao lembrar de ameaças contra os integrantes da força-tarefa responsáveis pela investigação do caso.

Houve um episódio no qual foram encontrados em um pedaço de papel apreendido nas celas ocupadas por Jamil Name e Jamil Name FIlho no Presídio Federal de Mossoró (RN), em 2020, mensagens escritas em tom de ameaça e um plano de atentar contra a vida de um delegado de Polícia Civil, de um defensor público e um promotor de justiça.

“A gente segurou por muito tempo, mas as lágrimas vem. Isso mexeu muito com nossa família. Meu filho tinha apenas um ano e tivemos que mudar toda a rotina”, comentou o delegado, emocionado, durante o seu depoimento, que durou cerca de três horas, começando ás 10 horas e encerrando às 13 horas.

Confusão em boate foi motivação para o crime

Primeira pessoa a prestar depoimento no julgamento, o delegado Tiago Macedo explicou ao Ministério Público que o motivo do crime foi uma briga entre Jamilzinho e Marcel (PLayboy da Mansão) em 2016, ocorrida numa boate de Campo Grande. Segundo o investigador, Marcel foi ao escritório da família Name e tentou se desculpar, mas não houve acordo.

Com medo da ameaça, a vítima chegou a mudar de Campo Grande para Cuiabá (MT), e para o delegado, não fez isso em vão. A investigação revelou que ele tinha esse padrão de comportamento com as vítimas, inclusive, aconteceu o mesmo com Paulo Xavier, orientado a sair da cidade sob ameaças de morte por Jamil Name e Jamil Name Filho.

Pistoleiro recebeu R$ 50 mil para matar a vítima

Segundo o delegado, Marino Rios recebeu R$ 50 mil em dinheiro para matar Marcel dentro do sistema prisional. A história foi contada pela ex-mulher de Rios durante as investigações. Ela alegou ainda que como isso não ocorreu, o então marido foi cobrado de cometer o homicídio assim que o alvo estivesse livre.

O delegado narrou ainda que Marcelo Rios falou com os pistoleiros no dia do crime e fez pesquisas por matérias sobre o crime; isso foi comprovado por perícia no aparelho de Rios. A quebra do sigilo telemático revelou também que o Juanil, apontado como pistoleiro do crime e desaparecido, fez pesquisas pelo nome de Marcel e visitou as redes sociais dele.

Ele buscou o endereço do bar em que Marcel foi morto horas antes do assassinato e até como apagar uma conta no Instagram depois que cometeu o crime. O assassino fez 68 buscas por matérias sobre a morte do “Playboy da Mansão”, antes mesmo de que a notícia da morte fosse divulgada.

O delegado interligou os acusados: segundo ele, Marcelo Rios era o braço direito de Jamilzinho e Everaldo fez pesquisas pelo nome de Marcel em 2016, ano em que houve a briga entre Marcel e Name.

Defesa tenta impugnação de depoimentos

Quando a defesa esteve com a palavra no julgamento, houve confronto com o delegado Tiago Macedo. O desentendimento deixou o clima mais tenso no tribunal. Em seguida, os advogados de Jamil Name Filho e de Marcelo Rios pediram a impugnação do uso dos depoimentos dados a Polícia Civil pela filha de Juanil, por ser meno de idade na época.

Também pediram o mesmo para o depoimento da ex-mulher de Rios, Eliane, por ter ficado três dias na delegacia em uma “situação atípica”. A mulher ficou “hospedada” na delegacia com os filho logo que Marcelo Rios foi preso.

A defesa de Everaldo questionou o delegado sobre as datas em que Juanil começou as pesquisas sobre Marcel, conforme a investigação. A resposta gerou um debate acalorado entre delegado, advogado de defesa e Ministério Público. Os promotores saíram em defesa do delegado e reforçaram que as respostas dele estavam sendo manipuladas para passar a sensação de que ele estava mentindo. 

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