Vereadores de Campo Grande promovem nesta segunda-feira (13), às 9h30, Audiência Pública para debater a insuficiência e os preços abusivos da hidroxicloroquina nas farmácias da Capital em tempos de Covid-19, depois que campo-grandenses que sofrem de lúpus, artrite reumatoide, ou doenças fotossensíveis denunciarem que estão com dificuldades em adquirir o medicamento para tratamento.
“Quando meu remédio faltou, meus membros passaram a doer tanto que entrei no hospital mancando e saí em uma cadeira de rodas.” O medicamento a que a autônoma Maria Raquel Miranda, 56, se refere é a hidroxicloroquina, em falta nas farmácias desde que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) passou a defender o uso dela e da cloroquina para o tratamento da covid-19.
Maria Raquel sofre de doença mista do tecido conjuntivo, “parente do Lúpus”, inflamação provocada pelo próprio organismo que só é tratada com ajuda do medicamento. Sua pele forma rachaduras profundas e as articulações doem.
A procura pelos remédios aumentou depois que o governo publicou um protocolo pedindo aos médicos que receitem a droga a pacientes com sintomas leves de covid-19. O desabastecimento, no entanto, já afeta Maria Raquel e quem precisa do composto para tratar doenças como lúpus, artrite reumatoide e malária.
Além da falta do medicamento nas prateleiras das farmácias e produto deve alteração de preço na sua comercialização. Caixa com 12 comprimidos com 40 miligramas que custava R$ 70,00 agora pode ser encontrada a valores que variam entre R$ 350,00 a R$ 800,00. O que prejudica os que realmente necessitam.
Com este cenário, a Comissão Especial em Apoio ao Combate à Covid-19 da Câmara vai realizar nesta segunda-feira um debate ao vivo, que será transmitido pelo Facebook da Casa de Leis.
“Durante os últimos meses, chegou até o meu gabinete diversas reclamações de pacientes com doenças autoimunes que não estão conseguindo adquirir o medicamento em farmácias, além de relatarem preços abusivos em farmácias de manipulação. Estes pacientes necessitam da medicação, que é de uso contínuo”, afirmou Betinho, vice-presidente da Comissão.
O uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para tratamento do novo coronavírus causa polêmica e preocupações. Pesquisas científicas ainda não comprovaram a eficácia destes medicamentos para evitar sintomas mais graves da Covid-19. Entretanto, alguns profissionais de saúde defendem as medicações e estão utilizando no tratamento de pacientes, relatando resultados positivos. O Ministério da Saúde recomenda o uso no tratamento, porém a Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras entidades apontam que falta comprovação científica.
Outra preocupação é com os efeitos colaterais para que tomar os medicamentos de forma profilática, sem indicação médica. Os remédios, segundo os estudos, trazem riscos ao coração e podem levar pacientes com problemas cardíacos à morte.