Com as restrições de circulação nas ruas e nos ambientes públicos e privados causadas pela pandemia de coronavírus, as pessoas tiveram que encontrar atividades para passar o tempo ocioso dentro de casa.
Nesse contexto, os esportes da mente aparecem como boas opções de hobbies para se divertir e aliviar o estresse do confinamento. Entenda um pouco mais sobre esse tipo de atividade e veja algumas dicas para praticá-las.
O que são esportes da mente?
O termo é empregado para categorizar esportes que dependem da capacidade e do desempenho cognitivo dos competidores, não exigindo exatamente as atividades físicas, mas a utilização dos mecanismos de raciocínio lógico do corpo humano. Para ser nomeada como “esporte”, a modalidade precisa preencher certos requisitos, como:
– incluir elementos de competitividade;
– não ter a sorte como fator decisivo na competição
– não ser considerado um risco indevido à saúde dos competidores; e
– não depender de equipamentos de um único fornecedor. Os esportes da mente são regulados pela IMSA (International Mind Sports Association), criada em 2005. Uma das modalidades mais conhecidas é o xadrez, difundido mundialmente como esporte e até ensinado na rede pública de educação em certas regiões do Brasil.
Benefícios dos esportes da mente
Em seu website, a IMSA, por meio do secretário-geral Thomas Hsiang, cita a importância dos esportes da mente para os jovens.
“Nenhuma outra era da humanidade demandou tanta capacidade intelectual, curiosidade e criatividade dos cidadãos quanto agora; e os esportes da mente podem fornecer um treinamento unicamente vantajoso para essas habilidades”, descreve Thomas.
Por isso, os esportes da mente podem ser aplicados na Educação para auxiliar as crianças no desenvolvimento do cérebro ao longo dos anos escolares. Já na idade adulta, os esportes da mente são responsáveis por ajudar na preservação da memória, algo ainda mais fundamental na terceira idade.
“Nos últimos 20 anos, houveram diversos estudos rigorosos que demonstraram como os esportes da mente contribuem diretamente para melhorar as funções cognitivas e retardar o envelhecimento. Todas as associações de esportes da mente reconhecem a importância de servir aos idosos, que por sua vez, ajudam a promover voluntariamente os esportes da mente”, declara Thomas, também no site da IMSA.
Esportes da mente e a paciência
Para vencer uma partida de xadrez, é preciso ter calma para impor estratégias a cada rodada. Em jogos mais disputados, são gastas algumas horas para se definir o vencedor. Logo, para se dar bem no esporte, é fundamental aprender a manter a calma e a ter paciência para executar cada movimento.
Em seus próprios fundamentos, os esportes da mente necessitam de controle emocional. Dessa maneira, o treinamento dessas modalidades também representa um exercício da inteligência das emoções, o que é complicado no início, já que está cada vez mais difícil ter tempo para sentar-se tranquiliamente e aproveitar um bom jogo.
“Além de pensar nos lances e passar pela ansiedade de esperar a resposta de seu adversário, o enxadrista precisa estar bem familiarizado com o uso do tempo, para que este não lhe falte, no momento crucial da execução de seu plano de jogo. Podem-se notar, com base nesta descrição do jogo, diversos elementos intervenientes: a rapidez de raciocínio, a visão mais geral da partida, a capacidade de antecipação de jogadas, ocorrendo, também, alguns estados subjetivos relativos a cada situação: a ansiedade, o estresse, o medo, a pressão psicológica, entre inúmeros outros”, cita a pesquisadora Danielle Christofoletti em sua tese de pós-graduação na USP.
Em épocas de isolamento social e falta de convívio nas ruas, os esportes da mente ajudam a criar hábitos e hobbies para passar o tempo ocioso em casa. Por meio da tecnologia, é possível acessar as versões digitais dos jogos e preencher os dias com atividades relaxantes e educativas.
Para além do xadrez: outros esportes da mente
Confira outros esportes da mente e veja dicas para começar a praticá-los:
Poker
À primeira vista, o poker pode parecer extremamente complicado, visto que se apresenta como um esporte cheio de estratégias e artimanhas psicológicas. Porém, a versão online ajuda a te deixar mais confortável para aprender as regras enquanto joga sem tanta pressão das intensas trocas de olhares de uma mesa no mundo real.
Assim, a partir do momento em que você começar a estudar as mãos do poker, já se sentirá mais animado para jogar e poderá criar um hábito para ocupar o tempo ocioso dos dias em casa. O jogo psicológico que assustava no início do aprendizado passará a ser um exercício valioso para treinar a concentração e o controle dos sentimentos, habilidades fundamentais para se dar bem no esporte.
Damas
O jogo de damas é mais popular no Brasil e pode ser encontrado em tabuleiros com valores acessíveis ou na internet. A versão brasileira utiliza-se de 64 casas (8×8), e tem como objetivo capturar todas as 12 peças do oponente para vencer a partida. As regras menos gerais também podem sofrer variações nas diferentes regiões do país.
Apesar de não ser um jogo extremamente complexo, uma partida de damas requer um raciocínio lógico para prever os movimentos dos adversários e planejar as próprias ações ao longo das rodadas. Além disso, ajuda a passar o tempo em uma tarde osciosa e estressante dentro de casa.
Bridge
O bridge é um jogo de cartas que utiliza o baralho completo (52 cartas, 13 de cada naipe) e envolve quatro competidores na partida (duas duplas). Os pares sentam-se frente à frente, utilizando como referência os pontos cardeais (norte-sul; leste-oeste).
O jogo então, é dividido em duas partes: o leilão e o carteio; e o objetivo principal para vencer é realizar o maior número de “vazas”. O esporte pede uma intensa concentração para o jogador entender a situação e montar sua estratégia.
Go
O esporte, bastante popular na Ásia, envolve a colocação de pedras em um tabuleiro vazio. Essas pedras não podem ser movidas, mas sim ‘capturadas’ pelo adversário, quando suas intersecções são ocupadas por outras. Ganha o jogador que estiver com a maior pontuação ao final da partida.
O Go ainda exige um exímio raciocínio matemático, já que as possibilidades numéricas da partida são consideravelmente maiores até do que outros esportes da mente, como o xadrez. Os confrontos podem levar um bom tempo, ajudando a preencher os dias de quarentena.