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Maior desafio é reconhecer setor externo como política pública

19/09/2014 16h29

Maior desafio é reconhecer setor externo como política pública

Agência Brasil

A ascensão do Brasil como potência emergente, com expansão constante de mercado e atuação mais ativa em grandes fóruns e regiões, fez com que o país ganhasse mais visibilidade e reconhecimento internacional. Prova disso é que, hoje, brasileiros como Roberto Azevêdo e José Graziano ocupam os mais altos cargos em entidades como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), respectivamente.

Apesar do patamar alcançado, especialistas ouvidos pela Agência Brasil avaliam que o país tem enfrentado dificuldades para continuar se expandindo. Segundo eles, o desafio da política externa brasileira nos próximos anos é se transformar em uma política pública, condizente com um mundo globalizado onde problemas locais repercutem em várias partes do planeta, inclusive na vida dos brasileiros.

Crises como a da Ucrânia, que afetaram as exportações brasileiras para aquela região, e a epidemia de ebola na África, que elevaram o alerta e a mobilização de recursos humanos nas fronteiras do país, são dois dos vários exemplos que comprovam como problemas aparentemente locais são cada vez mais globais, e exigem articulação política e econômica entre as nações.

Segundo o professor emérito da Universidade de Brasília (UnB) Amado Luiz Cervo, referência na área de história das relações internacionais, o próximo governo terá o desafio de manter diálogo com a sociedade, as lideranças sociais, os movimentos e setores dinâmicos da sociedade, como indústria e agropecuária, para transformar a política externa em uma política pública.

A professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio) Letícia Pinheiro, membro do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais, concorda que para enfrentar esse desafio é necessário ampliar a participação democrática na definição das diretrizes gerais da política externa brasileira, como fonte de credibilidade e autoridade para a posição que o país assume nos temas internacionais.

“Para tanto, é de máxima importância a criação e institucionalização de um mecanismo de ampla participação social – movimentos sociais, organizações não governamentais, organizações empresariais e sindicais, instituições de estudos e centros de pesquisa, entre outros – que contribua com o Itamaraty na definição dessas diretrizes. Refiro-me à criação do Conselho Nacional de Política Externa (Conpeb), de caráter consultivo, em moldes semelhantes aos já existentes conselhos nacionais de participação em outras políticas públicas”, defende Letícia.

Especialistas ouvidos pela Agência Brasil avaliam que o grande desafio da política externa brasileira, nos próximos anos, é se transformar em uma política públicaArquivo/Agência Brasil

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