23/10/2014 11h00
Lava-Jato: Doleira flagrada com dinheiro na calcinha é condenada
Agência O Globo
A doleira Nelma Mitsue Penasso Kodama, ex-namorada de também doleiro Alberto Youssef, foi condenada a 18 anos de prisão em regime fechado por evasão de divisas. Nelma é acusada pela prática de 91 crimes de evasão que remeteram US$ 5,2 milhões ao exterior, segundo a Justiça. Ela está presa desde 15 de março quando foi flagrada embarcando com 200 mil euros na calcinha para Milão, na Itália. Na mesma sentença, o juiz condenou outros sete acusados pelo Ministério Público federal de práticas criminosas.
A doleira foi condenada pelos crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro, participação em organização criminosa, corrupção ativa e operação irregular de instituição financeira. Segundo a sentença do juiz Sergio Moro, “as provas colacionadas neste mesmo feito indicam, porém, que (Nelma) faz da prática de crimes financeiros o seu meio de vida”.
“Os crimes envolveram sofisticada engenharia financeira, com abertura de empresa de fachada no Brasil e em nome de pessoa interposta e com a abertura e utilização de contas em nome de off-shores no exterior, estas também postas em nome de terceiros. O emprego de esquemas sofisticados de evasão, não inerentes aos crimes, e acessíveis apenas a criminosos de grande sofisticação merece especial reprovação, devendo ser valoradas negativamente as circunstâncias dos crimes”, diz trecho da sentença assinada pelo juiz federal Sérgio Moro.
A defesa Kodoma anunciou que vai recorrer da decisão. Para o advogado Marden Esper Maués, criou-se na justiça do Paraná a instituição da “extorsão premiada” para os acusados que não colaboraram com a polícia e o ministério Público federal nas investigações.
— Esse peso elevado da pena que os réus que não sabiam dos fatos ou não colaboraram com justiça é uma distorção legal incompatível com o sistema judiciário brasileiro. Aqui em Curitiba o instituto da delação premiada virou da extorsão premiada para quem não colaborou — afirmou Maués que anunciou que vai recorrer da sentença.
Todos os oito réus desta ação foram condenados. A administradora Iara Galdino, que cuidava das empresas de fachada do grupo, foi condenada a 11 anos e pagamento de multa. A mãe de Nelma, Maria Dirce Penasso foi condenada a dois anos um mês e dez dias de prisão em regime aberto. Ela é acusada de emprestar seu nome para a abertura de contas na China.
Luccas Pace Júnior foi por evasão de divisas, por operar instituição financeira irregular e pertinência a organização criminosa. Ele foi condenado, no total, a quatro anos anos, dois meses e 15 dias de reclusão. Júnior fez acordo de delação premiada e, por essa razão, teve a pena reduzida pela metade.
Juliana Cordeiro de Moura foi condenada pelos crimes de evasão de divisas e de operação de instituição financeira irregular. A pena de Juliana foi de dois anos e dez dias de reclusão. Cleverson Coelho de Oliveira foi condenado a cinco anos e dez dias de reclusão pelos seguintes crimes: evasão de divisas, operação de instituição financeira irregular e pertinência a organização criminosa.
Já a condenação de Faiçal Mohamed Nacirdine foi de um ano e seis meses de reclusão por operar instituição financeira irregular. E Rinaldo Gonçalves de Carvalho foi condenado por corrupção passiva. A pena dele foi de dois anos e oito meses de reclusão.
O juiz federal Sérgio Moro decretou o confisco dos ativos dos condenados. Nelma responde a outras 11 ações penais na Justiça Federal do Paraná frutos da Operação Lava-Jato da PF. Cabe recurso da decisão.
