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segunda-feira, 23 de dezembro, 2024
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‘Politização’ e ‘orientação errônea’ marcaram a pandemia no Brasil, dizem especialistas e vereadores

Especialistas, vereadores, médicos e autoridades da saúde pública apontaram para uma ‘politização’ das vacinas contra o novo coronavírus (Covid-19) e afirmaram que o alto número de mortes em decorrência do vírus foi resultado de uma ‘orientação errônea’ ainda no início da pandemia. As constatações foram apresentadas na manhã desta sexta-feira (04) em audiência pública realizada na Câmara Municipal de Campo Grande.

No debate, os participantes puderam compartilhar as suas opiniões sobre todas as abas que envolvem o tema Covid-19, como a obrigatoriedade da vacina, o passaporte sanitário, as medidas para evitar aglomerações e até mesmo a participação da mídia no tratamento e na abordagem dada ao vírus.

Responsável por convocar o debate, o vereador Dr. Sandro Benites (Patriota) apontou em sua fala para falhas na comunicação que impactaram diretamente nos números da pandemia no Brasil. Ele também disse que o País tem milhares de pessoas que se autointitulam especialistas na doença.

“Houve uma politização e erros estratégicos graves. Orientação errônea do fique em casa, só procure médico quando tiver falta de ar. Demonizamos uma medicação extremamente segura. Politizamos um tratamento médico. O Brasil tem 200 milhões de especialistas em covid dando opinião em um tratamento extremamente complicado e novo”, criticou.

De acordo com os dados do boletim epidemiológico da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), até o final de fevereiro deste ano 757,9 mil pessoas (83,65%) receberam a primeira dose em Campo Grande. Outras 657,3 mil (72,55%) receberam a segunda, ou a dose única, e 365,5 mil (40,3%) receberam a terceira dose.

No entendimento do parlamentar, apesar destes números, a taxa de letalidade da doença aumentou: em 2020, 1,71% das pessoas infectadas foram à óbito, enquanto que em 2021, no auge da vacinação, esse percentual aumentou para 3,47%. Agora em 2022, 0,46% dos que contraíram a doença morreram.

“Por que tenho receio [de vacinar crianças]? Se a gente pode ter efeito colateral, e se eu tenho uma imunidade natural, uma proteção das crianças, por que vacinar? Aglomeração pode evitar [o contágio]? Tivemos número menor de mortes entre presidiários do que pessoas que não estão nos presídios. Como justificar isso?”, questionou Dr. Sandro em sua fala.

“Quem vacina, pode continuar transmitindo. Quem é vacinado, também pega a doença. Inicialmente, se falava que a Coronavac era 100% eficaz para as formas graves da doença. Mas tivemos 350 óbitos em idosos vacinados, pois as duas doses não se mostraram eficazes”, concluiu.

Para o médico João Jackson Duarte, o tratamento precoce “foi politizado, demonizado, e muita gente morreu por isso”. Ele também se posiciona contrário ao passaporte da vacina, que tem sido discutido em várias cidades brasileiras.

“Quando você é proibido, no seu direito de ir e vir, isso não é passaporte, é segregação. Venho falar baseado em dois conceitos: evidência científica e de vida real. Por que sou contra a segregação? Ela não funciona, simples assim”, argumentou.

“No final do ano passado, tivemos o país mais vacinado do mundo: Gibraltar. 100% da população vacinada, mas tiveram que cancelar o Natal. Quem transmitiu a doença, a ponto de superlotar leitos hospitalares?”, questionou.

A média Sirlei Ratier defende que a “pandemia foi politizada” e a mídia trabalhou na “massificação da opinião pública na implantação do terror”. Ela acredita também que os médicos perderam a autonomia por conta do que classificou como “corrente do politicamente correto”.

“Tivemos recomendação de um ministro da Saúde, que foi responsável por essa recomendação totalmente errada, negando medicamentos que poderiam ter salvado muitas vidas. Falo mais como cidadã do que como médica. Ninguém nega que essa pandemia foi politizada. Ninguém nega o papel que a mídia convencional teve na massificação da opinião pública na implantação do terror. Houve uma engenharia mental em cima do terror implantado pela mídia. Infelizmente, grande parte dos médicos entraram nessa. Perderam a capacidade de raciocinar, ficaram com medo de ir contra a corrente do politicamente correto. Ao invés de estudarem, ficaram acomodados e aceitaram essa imposição da mídia. Muitas vidas poderiam ter sido poupadas”, apontou.

Em sua fala, a superintendente de vigilância em Saúde da Sesau, Veruska Lahdo, destacou que todas as medidas tomadas pela Prefeitura sempre foram definidas após muita discussão. “Em nenhum momento, a discussão deixou de ser feita com a sociedade. A gente procura discutir todas as medidas com muita cautela. E assim conduzimos essa pandemia, para evitar o maior impacto possível para a população. Infelizmente tivemos óbitos, e lamentamos muito. É uma doença que trouxe grandes ensinamentos e desafios, e muitos que vão durar, como a união de esforços”, disse.

Presente no evento, o vereador Prof. André Luís (Rede) defendeu a vacinação. Ele usou como paralelo a vacina contra a varíola, que na década de 1980 foi erradicada após imunização de mais de 90% da população mundial durante mais de 10 anos.

“Se todos tomarmos, a possibilidade de eliminarmos o vírus é altíssima. Foi o que aconteceu quando erradicamos a varíola. A humanidade foi vacinada acima de 90%, por 13 anos, e o vírus desapareceu. Nossa briga não é só pela doença, mas pelo desaparecimento dela. Os dados apresentados são mentirosos? Não. A ciência é dialética. Toda vacina dá problema. Nenhuma palavra dita aqui é mentira. É importante essa discussão, mas precisamos caminhar juntos”, apontou.

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