As repercussões sobre o caso de acusação de crimes de assédio sexual, supostamente cometidos pelo ex-prefeito de Campo Grande e pré-candidato a governador, Marquinhos Trad, e devido a manifestação dele negando tudo e denunciando ameaças contra si, levou a DGPC (Delegacia Geral de Polícia Civil), a realizar uma coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (26). A delegada Maíra Pacheco, da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) que comanda as investigações dos apontados crimes, foi a principal interlocutora da entrevista, onde comentou o contexto, que atinge uma figura pública e postulante a outro cargo eletivo, como sendo um assunto difícil em qualquer momento, e ainda mais, em período delicado de processo de eleições.
Mas, que tudo será apurado ante até que mais mulheres, já procuraram a PC para denunciar Trad, acusado incialmente por quatro vitimas. E após novos fatos reais ou criados, também se gerará outras investigações, conforme anunciadas durante a coletiva, com presença do Delegado-Geral, Roberto Gurgel e do delegado Edilson dos Santos, do Departamento de Polícia Especializada. A Polícia Civil informou que vai investigar se as mulheres teriam sido pagas para registrar as denúncias contra o ex-prefeito de Capital.
Segundo a delegada, o suposto pagamento feito as mulheres para registrarem denúncias não consta no inquérito contra Trad, mas que tudo será investigado, até como prova de seguir ou não o caso contra o acusado. Se provado que as mulheres receberam dinheiro, elas podem responder por falso testemunho. O crime tem pena de 2 a 4 anos, além de multa.”Crimes como esse a única materialidade são os relatos das vítimas. Temos de ter respeito em um país patriarcal”, avaliou a delegada sobre as denúncias de assédio sexual. Trad , agora é investigado por crimes de estupro, assédio e importunação sexual .
A delegada ressaltou que todas, as primeiras e outras ou posteriores denuncias também serão apuradas, mesmo se comprovadas que as primeiras tenham sido pagas. “Não apaga as que vieram depois. Se as apontada pagas mulheres forem comprovadas, elas que responderam pelo ato, Mas, não diminui outras denúncias de outras vítimas que procuraram a delegacia com situação igual, semelhante ou mais grave”, disse Maíra Pacheco.
Após mídia, outras denunciantes surgiram
Conforme a delegada, ela ratifica oficialmente, que após a divulgação dos casos na imprensa, mais vítimas procuraram a delegacia, já que estão se sentindo mais seguras. A delegada disse que o número de denúncias aumentou, mas não revelou quantas mulheres já teriam procurado a delegacia, pois o caso está em segredo de Justiça. Mas, ela explicou que o inquérito policial foi instaurado e por isso há crimes contra a dignidade sexual, como assédio, abuso na forma tentada, favorecimento da prostituição.
Maíra explicou que outras pessoas estão sendo investigadas, mas não revelou por quais crimes e nem a quantidade de suspeitos. O inquérito deve ser concluído em 30 dias. Não existe ainda previsão de quando Marquinhos Trad deve ser ouvido. A delegada ainda enfatizou que não necessariamente as mulheres que queiram fazer denúncias precisem ir à delegacia. Elas podem entrar em contato pelo canal direto da Deam (67) 99324-4898.
“O que temos a dizer é que são laudos que correm em segredo de justiça e foi instaurado o inquérito policial. Estamos investigando crimes contra a dignidade sexual, e temos alguns crimes como assédio, abuso na forma tentada, favorecimento da prostituição. Inicialmente tivemos a denúncia de quatro vítimas e posteriormente, quando essas notícias foram veiculadas na semana passada, outras vítimas nos procuraram e tem nos procurado”, revelou a delegada.
Assim, oitivas estão sendo realizadas e a cada novo passo da investigação, as inserções vão direto para os autos. Porém, a delegada não quis fornecer maiores detalhes do caso em respeito a identidade e qualificação das vítimas e aos investigados.
Marquinhos denuncia ameaças, mas tem registrar
Sobre o secretário estadual de segurança pública, Carlos Videira, mandar mensagens para Marquinhos, em que Videira faria ameaças de divulgar casos de assédio contra o ex-prefeito, a Polícia Civil afirma que se houver denúncia será investigado.
“Se chegar para nós e ter uma formalização, vamos tocar do mesmo jeito, se for da nossa atribuição. Se tiver qualquer situação de A ou B que seja. Se for da nossa competência nós vamos investigar”, disse o Delegado-Geral, Roberto Gurgel.
Contudo, o delegado-geral afirmou ser necessário passar um posicionamento para a sociedade sul-mato-grossense e prestar informações em respeito a própria instituição. “A Polícia Civil não foi atrás de absolutamente ninguém, mas sim que nós fomos procurados. Só que todo e qualquer fato que nos é apresentado, nós vamos apurar, nós vamos investigar. Independente do momento que o país, o estado, o município, a sociedade esteja passando, volto a dizer que a nossa instituição é permanente, nós vamos investigar”, disse Gurgel
Resumo do caso – “Eu errei, mas não em crime”
Marquinhos Trad, se manifestou hoje ao Enfoque MS, refutando acusações e denunciando ameaças contra si, bem como lega que tudo faria parte de uma ‘armação política daqueles que não querem largar o poder’ para prejudicar a candidatura dele a menos de 3 meses das eleições.
No entanto, confrontado com detalhes dos relatos de uma das mulheres, que relatou um caso extraconjugal e diz ter feito sexo consensual com o então prefeito, Marquinhos Trad ratificou que admitiu a outro órgão de imprensa, que sim, que cometeu adultério enquanto era Prefeito, mas não estava na Prefeitura. “Eu errei, mas não cometi crime algum ante ao cargo e as Leis. Devo a Deus, à minha esposa e às minhas filhas. Eu reuni toda minha família e confessei”, disse o pré-candidato a governador de MS. Segundo ele, após confessar a traição, foi perdoado pela esposa e pelas filhas.
Oficialmente, além da mulher com quem Trad confessou ter tido um relacionamento fora do casamento, mais três procuraram a polícia e figuram como vítimas. A primeira mulher a procurar a delegacia relatou que se envolveu emocionalmente com o ex-prefeito e que ele dizia a ela que a amava e queria ficar com ela. Ainda teria dito que queria ter um filho com a vítima.
Tudo teria começado em 2020, quando ela conheceu outra mulher que lhe ofereceu uma oportunidade de trabalho. A vítima, que terá a identidade preservada, contou que ganharia um cargo comissionado em um orgão público municipal. Mas, para isso, tinha que conversar pessoalmente com Marquinhos Trad, então prefeito de Campo Grande.
Ainda segundo os relatos, ela pegou o contato do prefeito e marcou às 8 horas, no gabinete, no dia 12 de maio de 2020. Era o começo da pandemia mundial de covid-19 e, neste dia, 17 pessoas já haviam morrido da doença em Mato Grosso do Sul.
No Paço Municipal, no entanto, segundo a versão da mulher, o clima era de romance e o prefeito teria até feito truques de mágica para agradar a convidada. De acordo com ela, a conversa teria sido pessoal e quase não teriam falado de trabalho. Depois, o prefeito teria tentado beijar a vítima, que recusou.
De acordo com o depoimento, ela teria saído pelo plenarinho e passou a receber mensagens de Marquinhos Trad, dizendo que tinha saudades e queria vê-la novamente. Foi então que a vítima passou a frequentar o gabinete. “Uma vez por semana na expectativa de ser contratada, mas só tratava de assuntos de cunho sexual”.
Ela então confirmou que se envolveu emocionalmente e garante que teria passado a manter relações sexuais com o prefeito, sempre com consentimento, no banheiro do gabinete da Prefeitura.
Sexo consentido é quando às duas partes aceitam participar.