O Enfoque MS adiantou a notícia publicada mais cedo nesta quarta-feira (3), da 27ª vitima de Feminicído em MS, que foi enforcada ontem em Amambai, ante que passamos a terça-feira (2) e deixamos de publicar a morte de Luciana de Carvalho, 45 anos, em Campo Grande. Ela que levou facadas do companheiro Inácio Pereira, 47 anos, foi a sexta morte na Capital e então era a 26ª vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul em 2022. A Capital já está perto de sua média anual, que desde 2015, registra oito casos ao ano, exceto 2021, que ocorreram 14 feminciidos.
A titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, Elaine Cristina Ishiki Benicasa, sem o exato número na mão, ratifica o absurdo da quantia de morte pela questão de gênero. “Acredito que é o sexto [feminicídio em Campo Grande]. É porque teve um registrado na Moreninhas, que a delegada titular entendeu pelo feminicídio… ou é seis ou sete, se for considerar esse da Moreninhas, só na Capital. No estado já são oficialmente 26 hoje – ontem -“, comentou a delegada, antes do registro do 27º em Amambai.
Conforme a delegada, com a Capital registrando – desde 2015, data da criação da Casa da Mulher Brasileira – uma média anual de 5 a 8 casos, com 2021 sendo a exceção da regra. “No ano da pandemia, que foi 2021, houve um pico de quatorze feminicídios, se eu não me engano. Mas em regra, da criação da Casa da Mulher, até esse ano, foi uma média de até oito, na Capital, e já estamos em seis ou sete feminicídios, já na metade do ano”.
26ª vítima em MS – Luciana de Carvalho foi anunciada morta nesta terça-feira (2), mas foi vitima do ex-marido, já na última 5.ª feira (28), desde então seu corpo ficou quatro dias no chão da cozinha, em casa localizada no bairro Silvia Regina. O ex-companheiro saía para trabalhar e retornava para dormir, sem tocar na cena do crime.
Desumano atingiu vitima que retornou a ele
Segundo a delegada, em depoimento o acusado pelo feminicídio revelou que, após a morte, ele apenas jogou a faca usada para matar Luciana na pia da cozinha e a deixou -corpo- lá no local. “Do jeito que os fatos aconteceram ele deixou ali o local, e passou a conviver por todos estes dias com o corpo ali”, comentou a titular da Deam.
Luciana foi vitima de si mesmo, pois já sofria de agressões, se separou, mas retornou a conviver com o então marido. “Ela registrou [boletim de ocorrência] em fevereiro. A gente pediu medida protetiva inclusive. A delegada destaca que, o primeiro boletim registrado por ela, ainda em fevereiro, seria por injúria e vias de fato. Em julho seria a vez dele registrar contra ela, um boletim por injúria, mencionando as agressões.
Ainda, ela explica que, após registro no segundo mês desse ano, ela não pediu a retirada da medida protetiva, mas passaram a conviver juntos novamente. “Eles simplesmente retornaram o convívio. Ela fica, de certa forma, desprotegida, tira a força da medida a partir do momento que retorna com o autor”, afirmou Ishiki Benicasa.
Em relato aos policiais, Inácio disse que Luciana o agredia constantemente, xingando o açougueiro, até que – na noite do crime -, eles discutiram pelo sumiço de alguns anéis. “Após a discussão ele foi dormir, quando então acorda com a vítima novamente xingando, discutindo com ele na posse de uma faca. Ele então toma das mãos da vítima e ela sai correndo até a cozinha, com ele atrás”, relata a delegada.
Ainda, segundo dito pelo acusado em interrogatório, além de cortar Luciana em um primeiro momento, ainda no quarto, Inácio atingiu a vítima na cozinha com dois golpes, que acertaram o pescoço e costas dela. De comportamento frio, ele e Luciana estavam juntos há aproximadamente 1 ano, sem filhos na relação.
Após o corpo da vítima passar quatro dias tracado dentro de casa, na noite de segunda-feira (1.º), acionados pela desconfiança dos vizinhos, os policiais fizeram diligência pela Júlio de Castilho e, enquanto conversavam com moradores, eles apontaram para Inácio, que passava de bicicleta em frente a casa. “aquele lá é o convivente da vítima’. Logo em seguida a PM foi atrás, ele ainda tentou empreender fuga, mas foi preso”.
Inácio Pessoa Rodrigues foi preso em flagrante, pelo crime de ocultação de cadáver, e também responde pelo crime de feminicídio consumado, passando provavelmente por audiência de custódia amanhã.