A lamentável e absurda ação terrorista que ocorreu neste domingo (8) em Brasília, além da destruição física e moral dos três Poderes Nacional: Executivo, Legislativo e Judiciário, a imprensa também foi atingida. Uma dezena de repórteres e fotógrafos foram agredidos em serviço ontem, durante a cobertura dos atos golpistas que depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). Ao menos dez jornalistas, nacional e até internacional, sofreram ameaças, tiveram equipamentos quebrados, receberam socos, chutes e empurrões. Houve até cárcere privado e exigências para apagar imagens realizadas.
Conforme registros policial e das empresas dos profissionais, por exemplo, um profissional do jornal O Tempo, que pediu para não ter o nome divulgado, fez um relato das agressões. No Senado, ele foi “preso” por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por cerca de 30 minutos, teve o celular e a mochila tomados, recebeu chutes, levou tapa na cara e foi ameaçado com armas.
“Roubaram meu crachá, quebraram ele. Pegaram minha carteira, pegaram os documentos. Roubaram meu dinheiro, R$ 20. Era só o que eu tinha. Pegaram meu celular. Repetiam a todo momento que eu era ‘petista infiltrado’. Eu respondia que não era, que estava ali a trabalho. Foi então que colocaram uma arma na minha cabeça, dizendo que eu ia morrer. Outro apareceu com outra arma, colocada nas minhas costas. E não paravam de me dar tapa na cara, xingar”, disse o repórter.
Além do jornalista de O Tempo, foram agredidos repórteres da TV Band e do Washington Post e fotógrafos do jornal Folha de S.Paulo, e, agências AFP, Reuters, Poder360 e Metrópoles.
Vergonha internacional
A repórter Marina Dias, que fazia a cobertura para o jornal norte-americano Washington Post, também foi atacada por vândalos, que a perseguiram até a garagem do Ministério da Defesa. “Fui cercada, chutada, empurrada, xingada. Quebraram meus óculos, puxaram meu cabelo, tentaram pegar meu celular. É preciso punir essas pessoas. Isso é crime”, escreveu Marina no Twitter.
Sindicatos
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal e a Federação Nacional de Jornalistas manifestaram seu “mais profundo repúdio aos atos golpistas e terroristas ocorridos neste domingo na Esplanada dos Ministérios e à violência contra profissionais da imprensa, impedidos de realizar seu trabalho com segurança”.
A nota diz, ainda, que “todos os acontecimentos em curso são resultado da inoperância do governo do Distrito Federal, de setores da segurança pública e Forças Armadas, que permitiram a escalada da violência e se mostraram coniventes com os grupos bolsonaristas, golpistas, que não respeitam o resultado das eleições, a Constituição e a democracia”. (Com informações Estadão Conteúdo)
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