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sábado, 21 de dezembro, 2024
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“Desafio é ampliar o acesso a saúde e apostar no campo digital”, diz secretário de Saúde

Com currículo renomado na iniciativa privada, o novo secretário estadual de Saúde, Maurício Simões Corrêa, aceitou a missão de comandar esta pasta que interfere diretamente na vida do sul-mato-grossense. Ele planeja trazer para o setor público a experiência como gestor, dando celeridade nas ações e apostando em inovações e no campo digital para saúde pública.

Em entrevista, destacou que vai continuar a regionalização na saúde, ajudar os municípios por meio de parcerias e apostar em tecnologias digitais, como o teleatendimento. Ainda ponderou que sua meta é ampliar o acesso a saúde para população e melhorar as condições de trabalho aos profissionais. “Vim exercer aquilo que fui treinado ao longo da vida, o que eu sei fazer melhor que é atenção à saúde”.

O novo secretário construiu uma longa carreira no setor administrativo como diretor-presidente da Unimed Campo Grande. Também já atuou em outras instituições como a Unicred, foi presidente-fundador da Fundação Miguel Cout e vice-presidente da Região Centro-Oeste da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP). Ainda lecionou no curso de Medicina da Uniderp. Confira a entrevista:

“Desafio é ampliar o acesso a saúde e apostar no campo digital”, diz secretário de Saúde

Quais são os principais desafios e metas a frente da Secretaria de Saúde?

O desafio é enorme, saúde é um assunto extremamente sério, uma grande necessidade da nossa sociedade. Mato Grosso do Sul é um estado em franco desenvolvimento, com uma grande extensão territorial, mas com muitos vazios assistenciais. Eu que milito há 30 anos na prática médica no Estado, conheço as necessidades e carências, entre elas do interior, que muitos buscam o melhor tratamento na Capital. Tenho repetido aqui na Secretaria para nossos colaboradores e funcionários, que eu gostaria ao término do meu mandato minimamente ter melhorado as condições de trabalho aos profissionais de saúde e de acesso aos pacientes a saúde aos pacientes. Há 30 anos percebi estas dificuldades como um prestador de serviço médico. Se ao final do meu mandato tiver melhorado muito as necessidades do cidadão na saúde e facilitado o acesso do cidadão ao serviço de saúde, então terei cumprido meu desafio.

O senhor tem uma vasta experiência na iniciativa privada, vai trazer este conhecimento para gestão pública?

Eu tenho este conhecimento da iniciativa privada, mas este é um novo desafio, pois se tratam de estruturas totalmente distintas do ponto de vista organizacional. A saúde é a mesma, o ser humano também, mas a organização é diferente. Trazer os conceitos e as decisões do serviço privado será o desafio. Dentro das minhas primeiras iniciativas aqui na pasta já tenho provocado a equipe técnica de saúde para que se permitam pensar em decidir e fazer gestão de uma forma diferente, dentro dos instrumentos legais que regem o serviço público, mas que aumente a celeridade das tomadas de decisão, para que o cidadão perceba isto. Um grande desafio pela frente.

Uma das grandes metas do governador é continuar a regionalização da saúde no Estado. Quais são os planos para esta missão?

Foi uma das grandes missões que o governador nos solicitou, para que avançássemos nesta regionalização, sendo mais um grande desafio por termos um Estado extenso territorialmente, ainda com segmentos com dificuldades de acesso até de mobilidade, com pacientes seguindo muitas vezes pelas estradas atrás de saúde. As distancias são enormes entre os municípios. O que precisamos trabalhar um pouco é este conceito do que seja a descentralização da saúde. Prefiro continuar trabalhando a palavra “acesso”. Porque posso estar com um paciente lá no Conesul, Leste ou Oeste, e oferecer a ele uma informação de saúde que certamente vai fazer com o que o caso deixe de se tornar uma urgência, para ser um procedimento eletivo. Temos ferramentas no mundo digital, que foi explorado muito na pandemia, como a digitalização da saúde, através da telesaúde tem sido um exemplo neste sentido, pois pode levar saúde às periferias do Estado sem estar necessariamente no local, com o especialista dando todo suporte, passando informação relevante, que vai chegar através do teleatendimento. Este sistema já existe aqui, inclusive já estive nesta semana na Escola de Saúde Pública, conheci o serviço de teleatendimento do Estado, fiquei encantado em ver que temos um embrião já muito bem formado. Uma das tarefas será ajudar a desenvolver esta tecnologia, ter esta atenção à saúde digital.

Como o senhor planeja desenvolver as atividades de combate a covid-19, em relação a monitoramento, prevenção e vacinas?

Acreditamos que vamos viver um momento tenso neste começo de janeiro por conta das festas do final do ano. O importante é focar não apenas no tratamento e prevenção, mas fundamentalmente no comportamento humano. Precisamos insistir no cuidado da higiene das mãos, utilização das máscaras, evitar grandes aglomerações, porque não é apenas a covid, mas previne inúmeras outras doenças, outras patologias virais, algumas que nem têm vacinas. Então é importante que a gente reinsira na discussão no dia a dia do cidadão a questão da prevenção, do cuidado individual da saúde. Sobre as vacinas (covid) nós temos ainda um estoque pequeno, mas já existem vacinas encomendadas para chegar ao Brasil e ao Estado.

Estamos na época de chuvas e outra grande preocupação é sobre a dengue. Como vai ser este cuidado e conscientização da população?

Teremos mais uma campanha de conscientização contra dengue. Neste momento o que mais me encantou no combate à dengue foi conhecer o mosquito (Wolbachia), nesta parceria entre Governo e prefeitura. Quando esta iniciativa chegar aos quatro cantos do Estado certamente estaremos bem em um futuro breve, mas os cuidados precisam continuar, chamando atenção da população para evitar a proliferação do mosquito. É natural que todas as vezes que surge um adversário maior na saúde, como a covid, muitos relaxem com aqueles que parecem menores ou estejam sob controle, mas as chuvas chegaram e as pessoas precisam fazer a sua parte. O combate à dengue é um dever do Estado, mas é uma tarefa de cada cidadão.

Muitas ações serão feitas em conjunto com o Ministério da Saúde. Como o senhor pretende travar este diálogo e construir esta relação?

Já faço parte do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde, já me incluíram no grupo (whatsapp). Estamos preparando um primeiro encontro em Brasília ainda neste mês. Também agendamos uma série de visitas aos escritórios e inclusive ao Ministério da Saúde. Pretendo ter o melhor relacionamento possível com o Ministério da Saúde. Temos informações que a ministra (Nísia Trindade Lima) é uma profissional habilitada para o cargo, o que nos enche de esperança para termos um bom relacionamento.

O governador destacou que pretende ajudar na saúde básica dos municípios. Quais são as ações previstas para viabilizar estas parcerias?

É uma das missões que nosso governador nos colocou, de ter um relacionamento franco de cooperação com os municípios. Ainda estou mapeando, não conheço todas as regiões do Estado, principalmente as microrregiões. Esta semana já recebei alguns prefeitos e prometi ir conhecer a estrutura de saúde deles, pois não tem como desenhar uma política acessível sem conhecer as diferentes necessidades. Somos um Estado heterogêneo principalmente em relação as características das macrorregiões. Minha expectativa é andar por todos estes municípios, para que possa mapear, planejar e buscar uma política de resultados. Sem planejamento não vamos a lugar nenhum. Intenção é trabalhar de forma coletiva.

Qual o planejamento do senhor em relação ao Hospital Regional de Mato Grosso do Sul. As demandas e ações para unidade?

Mais uma demanda que o governador nos passou, sobre dar uma atenção especial ao HRMS. Afinal de contas é o maior hospital do Estado em direta gestão da Secretaria de Saúde. Estou conhecendo a estrutura da pasta e no momento oportuno vou imergir lá dentro do hospital durante um bom período, para conhecer muito bem a estrutura. Tenho muitos colegas que trabalham lá e já me abordaram sobre diversos aspectos da unidade. Eu particularmente sou um médico especializado em medicina hospitalar. Temos lá um hospital de alta complexidade, que infelizmente por conta da covid teve que ser usado praticamente como um hospital de uma doença só, como muitos hospitais do nosso País, em função da pandemia. Agora temos que reconstruir este hospital, voltado para sua virtude que é o atendimento em alta complexidade. Para isto é preciso estruturar. Costumo dizer que saúde não tem preço, mas tem custo. Precisamos apurar este custo, e assim ter capacidade de planejar e racionalizar. Criar estratégias para que seus recursos se multipliquem.

Temos ainda os hospitais regionais de Três Lagoas e de Dourados que está próximo de inaugurar. Que são importantes para estas regiões também…

São dois hospitais que pretendem desenvolver a alta complexidade. Três Lagoas está começando e Dourados ainda vai ficar pronto. Eles fazem parte desta regionalização da saúde, mas é natural que a gente construa condições básicas para que a alta complexidade se desenvolva. Por mais que a estrutura física pareça ideal, não se realiza estes procedimentos se não houver rotina entre as equipes. É como pegar os quatro melhores velocistas para fazer aquela prova de troca de bastão, no revezamento 4 por 100, mas se eles não estiverem bem treinados, certamente vão derrubar (bastão) e serão desclassificados. Então entregar o hospital é o primeiro passo, formar as equipes é o segundo e dar as condições e treinar as equipes para produzir bons resultados é o último e mais importante.

O Governo também ajuda e apoia outros hospitais, como a Santa Casa e Hospital do Câncer. Vai continuar esta contribuição?

Certamente vai continuar este apoio. A Santa Casa por exemplo eu já estou há 30 anos exercendo a prática médica na unidade e neste tempo ela sempre foi uma referência para nosso Estado. Estou feliz com a eleição da nova presidente (Alir Terra Lima), na qual tenho muito apreço. Já me comprometi com ela a ajudá-la para desenvolver cada vez mais melhores práticas de gestão na Santa Casa, que é um local que presta um serviço incomensurável, mas sofre com problemas de gestão. Mas não só lá, como em outros hospitais que atendem a população também terão nossa atenção, no momento devido e adequado.

Para encerrar a entrevista gostaria que o senhor falasse como recebeu o convite para comandar a Secretaria de Saúde e decidiu aceitar a missão?

Recebi o convite com um certo frio na barriga, mas ao mesmo tempo me senti desafiado. Já no primeiro momento expus ao governador as dificuldades que teria por vir da iniciativa privada, em que a organização é diferente. Eu sempre fui um prestador de serviço lá na ponta, nunca atuei na saúde pública, mas como disse a saúde é uma só. Me senti mais desafiado a conhecer toda estrutura, motivar a equipe para que possa perceber que o fato das instituições públicas e privadas serem distintas, não significa que não podemos aproveitar boas práticas de um e de outro. Vim exercer aquilo que fui treinado ao longo da vida, o que eu sei fazer melhor que é atenção à saúde. Muitas vezes os profissionais de saúde precisam de apoio, treinamento e estrutura. Para isto que vamos trabalhar.

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