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quarta-feira, 27 de novembro, 2024
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Corpo de Sophia ficou 7 horas com a mãe e padrasto antes de ser levado à UPA

A Polícia Civil ainda está aguardando pelos laudos periciais dos materiais apreendidos, do DNA coletado e também da casa onde a menina Sophia, de dois anos, morava juntamente com a mãe e o padrasto, que estão presos pela sua morte.

Nessa segunda-feira (06), a equipe de investigação promoveu uma coletiva de imprensa para informar o andamento do caso e passar mais detalhes dos depoimentos dos envolvidos no crime, um dos mais terríveis e covardes registrados em Campo Grande nos últimos anos.

De acordo com a delegada-titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), Anne Karine Trevisan, os documentos são de suma importância para explicar toda a dinâmica dos fatos, já que nem a mãe e nem o padrasto contaram como se deu a morte de Sophia.

Segundo o laudo necroscópico, ela teria morrido entre às 9 e 10 horas do dia 26 de janeiro, tendo dado entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Coronel Antonino somente por volta das 17 horas, ou seja, sete horas depois da morte.

Anne Karine também explicou que o inquérito policial relativo à morte de Sophia foi relatado na última sexta-feira (03) e encaminhado ao Poder Judiciário dentro do prazo legal previsto no Código de Processo Penal, que é de 10 dias em caso de réu preso.

A delegada também detalhou que no dia da morte da Sophia, a equipe médica que a atendeu na UPA acionou a polícia e, de imediato, uma equipe do Grupo de Operações e Investigações (GOI) foi até o local e conversou com os profissionais.

“Eles disseram que desconfiavam de que a menina estivesse morta há pelo menos 4 horas, relatando ainda que a mãe demonstrou certa frieza e só se desesperou quando foi avisada de que a polícia tinha sido acionada”, contou.

Ainda na UPA, os policiais conversaram com a mãe da vítima e, em seguida, foram até a casa deles, na Vila Nasser, levando a mulher. No local, o padrasto disse que já estava esperando pela polícia.

“Na delegacia, o padrasto se reservou ao direito de ficar calado e falar somente em juízo. Já a mãe disse que a criança tinha passado mal e que estava com a barriga inchada porque tinha comido muita maionese. Ela disse ainda que já tinha batido na filha algumas vezes, mas de forma corretiva e que nunca houve um espancamento”, revelou a delegada.

Foi feito exame necroscópico em Sophia e o laudo apresentou que a menina teve traumatismo raquimedular em coluna cervical e constatou que ela estava com hímen rompido, por violência sexual não recente.

Durante os trabalhos investigativos, a DEPCA apreendeu um computador e dois telefones celulares pertencentes aos autores. Foi representada pela quebra do sigilo telemático, que foi autorizado pelo Poder Judiciário.

Anne Karine informou que foi constatada trocas de mensagens entre os autores, demonstrando que eles tentavam criar uma versão para o motivo da morte da menina, que os eximissem de culpa.

“Em uma das conversas o padrasto de Sophia pedia para a mãe dela dizer que a menina tinha caído no parquinho e posteriormente sugeria para ela contar a verdade, porém, assim que ela contasse ele se mataria”, disse a delegada.

Tanto a mãe quanto o padrasto foram presos em flagrante por homicídio qualificado por motivo fútil e estupro de vulnerável e encaminhados para a DEPAC e estão em presídios do Estado aguardando pelo julgamento.

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