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sábado, 23 de novembro, 2024
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Ministra aciona governador do MS após prisão de indígenas

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, notificou o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, pedindo providências sobre o caso envolvendo três lideranças indígenas Kaiowá Laranjeira Nhanderu. Os indígenas foram presos em ação da Polícia Militar no município de Rio Brilhante, ao ocuparem a região da Fazenda de Inho. A área está em processo de regularização fundiária pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).Ministra aciona governador do MS após prisão de indígenasMinistra aciona governador do MS após prisão de indígenas

Ministra aciona governador do MS após prisão de indígenas
Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (Foto: Câmara dos Deputados)

+ Fazenda é ocupada em Rio Brilhante por indígenas e Polícia Militar é acionada

+ Após confronto com a PM, indígenas são presos por desobediência

De acordo com a pasta, os indígenas Clara Barbosa, Adauto Barbosa e Lucimar Centurião foram detidos sob acusação de esbulho possessório, resistência e desobediência e, mesmo após audiência de custódia, seguem presos. Uma equipe da Funai que foi até o local teria sido impedida de acompanhar ação pela própria PM, diz o ministério, que classifica a medida como inconstitucional. 

“É inadmissível que uma ação como esta avance sob corpos e territórios indígenas com tamanha violência, como foi relatado. Os Guarani-Kaiowá estão ali lutando pelo direito que lhes é garantido por lei e sabem que podem contar com o apoio e resguardo tanto do MPI, quanto da Funai, que foi impedida de acompanhar a ação. Por isso, aguardo retorno urgente do governador Eduardo, certa de que ele não compactua com isso e não será conivente com desastroso desenrolar desta ação”, declarou a ministra dos povos indígenas, de acordo com sua assessoria.

A reportagem procurou a assessoria da Polícia Militar para pedir esclarecimentos sobre a operação e a prisão dos indígenas e aguarda retorno. 

A ação

A Polícia Militar disse que recebeu uma informação inicial de que aproximadamente 15 pessoas tinham ocupando a sede de uma fazenda, em Rio Brilhante, sendo que no grupo invasor estariam mulheres e crianças.

Uma equipe esteve no local, onde foram identificados três barracos de lona erguidos nas proximidades da sede da fazenda. Segundo a PM, os policiais foram recebidos pelo grupo armado com arcos e flechas, além de facas.

A entrada principal da propriedade estava bloqueada, então, foi exigido que o grupo saísse do local e liberasse o trânsito, porém, houve a recusa por parte dos indígenas.

Diante disso, houve o confronto entre os policiais e os indígenas, sendo utilizados pela PM gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. O Ministério Publico Estadual acompanha o caso e a Defensoria Pública também foi acionada.

Indígenas rebatem operação

Os indigenas dizem que a polícia começou o conflito. “Falaram que a gente não podia ficar ali. Primeiro, a gente conversou, eles se retiraram e disseram que iriam fazer uma reunião. Quando deu uma hora, eles vieram de novo e chamaram meu pai. Fomos junto com ele, e eles falaram uma mentira, que tínhamos roubado gás. Meu pai disse para eles trazerem o dono da fazenda para conversar”, contou a filha de um dos indígenas que acabou sendo preso.

Ainda na sua versão, a indígena detalhou que os tiros de balas de borracha começaram de forma repentina. “Eles disseram ‘se vocês não se retirarem, vocês vão ver’. E já começaram a atirar. Acertaram a perna do meu avô, as costas da minha cunhada. No meio disso, todo mundo começou a correr. Meu pai tentou se defender, eles pegaram ele e algemaram”, contou.

“Enquanto meu pai não sair [da prisão], nós não vamos sair daqui. Vamos esperar a noite toda, se precisar. Custe o que custar, vamos ficar por aqui até a volta deles”, afirma a Kaiowá.

O CIMI disse que servidores da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) foram impedidos de acessar o local da retomada pela Polícia Militar. Os agentes deslocaram-se até a região ainda pela manhã, mas acabaram barrados numa estrada próxima à retomada.

“Esse despejo que ocorreu é o sexto feito da mesma forma pela Polícia Militar sem ter uma ordem judicial. Não é competência do estado promover despejo de comunidades indígenas, pois o processo é do âmbito federal e a ordem deveria se dar por um juiz federal”, concluiu o assessor Anderson Santos.

Indígenas liberados

Em suas redes sociais, na tarde deste sábado(4), a Ministra Sônia Guajajara publicou um vídeo que mostra as três lideranças citadas na matéria que estavam detidas, livres “após mobilização e denúncia de irregularidades arbitrárias”, conforme dito pela ministra.

Na publicação a ministra ainda acrescentou que o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) continuará acompanhando a situação do povo Guarani e Kaiowá em Mato Grosso do Sul. “E juntamente com a Funai daremos agilidade ao processo demarcatório dessa Terra e para a demarcação de todos os territórios indígenas de direito”, finalizou a ministra.

Decisão da Vara Criminal de Rio Brilhante determinou a soltura dos indígenas.

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