A noite do dia 21 de abril, sexta-feira, abre os trabalhos do projeto itinerante “Circulação de Concertos Francis David Vidal Ensemble”.
Seis violinos, duas violas de arco, dois violoncelos, um contrabaixo acústico e um cravo (piano). Esses são todos os instrumentos que já estão afinados para levar música clássica pela região leste, norte e sul do Mato Grosso do Sul, em sete cidades, sendo seis já definidas (Três Lagoas, Água Clara, Ribas do Rio Pardo, Aparecida do Taboado, Paranaíba e Miranda). É o projeto “Circulação de Concertos Francis David Vidal Ensemble” que depois de cinco anos de existência, tocando apenas em Três Lagoas e entorno, agora, consegue dar um passo maior, rumo a realização de um sonho, levando cultura para um público ainda maior.
A turnê da camerata inicia em Três Lagoas na próxima sexta-feira (21 de abril). No dia seguinte, sábado (22) os artistas seguem para Água Clara e no domingo (23) chegam em Ribas do Rio Pardo para o terceiro concerto. No começo do próximo mês, será um trabalho intenso, com muitos quilômetros rodados, para apresentações em Miranda, Paranaíba e Aparecida do Taboado, nos dias 5, 7 e 13 de maio, respectivamente.
Formado por 13 artistas e toda uma equipe técnica nos bastidores, o projeto traz um sonho audacioso e emblemático: levar música para lugares nada convencionais para apresentação de um grupo de câmara (igrejas, escolas, associações de bairros, etc), de modo que pessoas que nunca pisaram em uma sala de concerto possa sentir o prazer de ouvir sons eruditos a ponto de se sentirem parte desse universo, como explica o maestro e proponente do projeto, Francis Vidal.
“Queremos ir aonde o povo está, e mostrar que essa música vista erroneamente como música de ‘elite’, pode e deve ser consumida por toda a população, gerando entretenimento, ampliação cultural, formação de público, diversão, conhecimento, novas conexões interpessoais e, principalmente, despertando talentos da nossa terra”, diz o maestro que tem consciência dos desafios que é fazer da música um sacerdócio, “Temos consciência da falta de teatros e salas de concertos na maior parte do Estado, por isso que pensamos nesse projeto em um formato acessível”.
Um sonho que tem tomado forma desde que o projeto foi aprovado no edital do FIC – Fundo de Investimentos Culturais), ano de 2021, promovido pela FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), como bem lembra o maestro que, desde 2018, tem promovido a difusão de música clássica pela cidade de Três Lagoas de forma independente.
“Muita da vezes realizamos concertos sem recurso nenhum, com atuação voluntária de todos os integrantes para garantirmos a sobrevida da música de concerto em nosso estado. Porém, sem recursos financeiros tudo o que realizamos em termos de acessibilidade se limitou a poucos locais e sempre na proximidade de Três Lagoas”, explica o artista que vê nas políticas públicas o caminho para inverter essa situação, “O FIC é uma luz no fim do túnel, não só do meu projeto, mas do fazer artístico do Estado, porque por meio dele a gente consegue materializar essa questão de fazer música de altíssima qualidade, no interior do Brasil, no Mato Grosso do Sul e levar para as pessoas que, talvez, voluntariamente nunca procurariam esse estilo, tudo por uma falsa ideia de que não gostam de música de concerto e que, no entanto, quando é feito um trabalho de formação de público esse cenário é transformado”, afirma Francis.
Kaelly Virginia Saraiva, professora dos cursos de medicina e enfermagem da UFMS, então, coordenadora do projeto de cultura e extensão Identidade “Arte, Educação e Saúde”, no Campus de Três Lagoas destaca a importância desse trabalho itinerante, sendo apenas o início de tudo o que está por vir no âmbito de fomento a difusão cultural e formação de público.
“Realizar essa parceria com a Camerata foi um achado nesta cidade. O projeto trará muito capital cultural para a Universidade também, pois não é fácil encontrar bons músicos profissionais e que toquem música clássica ou barroca numa cidade do interior”, enfatiza ela com o olhar de olho no futuro. “Isso prova que o Campus Três Lagoas, CPTL, terá um lugar de destaque no cenário musical este ano, com as apresentações programadas pelo Francis, incluindo, também, outras ações culturais que ocorrerão ao longo de 2023. Haverá oficinas ministradas pelo próprio maestro sobre teoria musical, retomada do coral e estaremos, a partir de junho, ensaiando peças líricas para apresentarmos no Natal”, revela.
Para quem da forma a camerata, como a violinista, italiana, Eliana Mangano, há um misto de realização pessoal e coletiva. “Fiz do Brasil o meu lar porque quis vivenciar coisas novas, após 25 anos de carreira na Europa, pois é um país incrível com potencial artístico”, afirma a musicista que terá uma peça incluída no repertório do projeto. “A peça faz parte de uma coletânea gravada em São Paulo, em 2016. É uma Pavane, e faz parte do primeiro ciclo de composições minhas escritas no Brasil, fruto das primeiras impressões que tive do País: um diálogo interior meu com esta terra maravilhosa que tão bem me recebeu”.
A camerata é formada pelo maestro e diretor artístico Francis Vidal; Caio Xavier de Almeida (contrabaixista); Carlos Eduardo de Assis, Eliana Mangano, Elias Soares, Gabriel Almeida, Luis Henrique de Macedo e Rene Neves Filho (violinistas); Irliane Karoline Pessoa e Thiago Miotto (violistas); Mara Denise Vidal e Vivian Kinars (violoncelistas); Wellington de Lamare (cravista).