17/01/2015 10h30
Manifestação contra aumento da tarifa nos transportes tem confronto em frente à Prefeitura de SP
Agência o Globo
A segunda manifestação contra o aumento das tarifas no transporte coletivo em São Paulo teve confronto na noite desta sexta-feira em frente à Prefeitura de São Paulo, no centro da capital paulista. A PM disse ter sido atacada com fogos de artifício e reagiu com bombas de gás e efeito moral contra os manifestantes.
Alguns presentes, no entanto, relataram que a Tropa de Choque da PM foi atacada com pedras e revidou, e que os fogos de artifício teriam sido utilizados somente depois. Houve tumulto generalizado e correria. Vários manifestantes mascarados promoveram um quebra-quebra na região, em agências bancárias, carros da PM, orelhões e bancas de jornais.
Os manifestantes ainda tentaram colocar fogo em sacos de lixo. A cavalaria foi acionada e cercou alguns manifestantes. Em meio ao tumulto, uma mulher desmaiou. Um grupo tentou levá-la para perto dos policiais, mas foi recebido com spray de pimenta. Ao menos quatro pessoas foram detidas.
Os manifestantes agora estão espalhados pelo centro da cidade. Pouco antes, na Rua da Consolação, houve um princípio de tumulto na altura da Rua Visconde de Ouro Preto. Um jovem com um skate na mão foi apreendido pela PM e um grupo tentou resgatá-lo. Os policiais, então, usaram bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes, que chegaram a invadir a faixa de ônibus da pista sentido bairro da Consolação. A marcha contra o aumento da tarifa ocupou totalmente a pista sentido centro da Consolação e reuniu 3 mil pessoas, segundo a PM. O Movimento Passe Livre (MPL) fala em 20 mil presentes. Cerca de 900 policiais acompanharam o ato.
Na Prefeitura, antes do confronto, os manifestantes fizeram uma projeção no prédio com a foto do prefeito Fernando Haddad (PT) e o texto “je suis catraca”.
Antes, na concentração, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, houve momentos de tensão entre a PM e os manifestantes. O grupo não divulgou previamente o trajeto da passeata, como reivindicava a corporação, e os policiais disseram que iriam impedir os manifestantes de bloquearem a Avenida Paulista.
Por volta das 17h15m desta sexta-feira (16), a via chegou a ser totalmente interditada pela PM, na altura da Rua Bela Cintra. O objetivo era impedir que os manifestantes seguissem em passeata. Por volta das 18h25m, o grupo decidiu que caminharia até a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, no centro, passando pela Prefeitura de São Paulo.
Durante a passeata, na Rua da Consolação, a PM repetiu a mesma tática adotada na manifestação da última sexta-feira. Foi feito um cordão de isolamento ao redor dos manifestantes conhecido como envelopamento e que cerca o grupo principal. Mascarados estão à frente da marcha e também dentro do cordão isolado.
Antes mesmo do início do protesto, na concentração, o clima era de tensão, com policiais revistando manifestantes e apreendendo máscaras e garrafas d’água. Duas pessoas foram levadas para delegacia como “testemunhas” da apreensão de materiais. Segundo a PM, eles não foram detidos nem serão fichados.
O primeiro protesto contra o aumento da tarifa do transporte coletivo, na sexta-feira passada, terminou com 51 pessoas detidas. Naquela ocasião, a PM entrou em confronto com mascarados na região da Rua da Consolação. Os manifestantes quebraram vidraças de agências bancárias e concessionárias de veículos e botaram fogo em sacos de lixo. A PM agiu com bombas de efeito moral.
— Nós, o MPL, não vamos criminalizar qualquer ato do black bloc que possa acontecer durante o trajeto — declarou nesta sexta-feira um integrante do MPL.
O ato desta sexta-feira, além do MPL, tem a presença do coletivo Juntos e de militantes do PCO. Num determinado momento, quando um militante do PT pediu a palavra para líderes do movimento, foi vaiado pelos presentes.