Dia do Professor foi celebrado no último domingo, 15 de outubro
(*)Rosildo Barcellos
“Livre, livre. Meus olhos seguirão ainda que meus pés parem”. Lembro que estas foram as últimas palavras que deixou escritas Jokin Zeberio, de 14 anos, antes de arrojar-se ao vazio com sua bicicleta, do alto da muralha de Hondarribia, Espanha, em setembro de 2004. Jokin vinha sofrendo agressão de seus colegas havia anos. As contínuas ameaças, humilhações, insultos, pancadas, e surras, o fizeram sofrer e o levaram à morte. Na época o feito fez soar o alarme social político e educativo, e gerado muitos debates sobre o que caracterizamos hodiernamente como “Bullying’, – uma palavra inglesa que significa intimidação.
É obvio que antes de qualquer análise, temos dois grandes problemas que nos tempos atuais deveremos enfrentar. Temos pais que trabalham fora e não tem o tempo de acompanhar as atividades dos filhos. Sem contar os que tem pais separados e não podem contar com a educação bilateral, estes muitas vezes alavancados e auxiliados pelos avós.
Evidente, que um pouco disto vai refletir na vida escolar. Certo é que a reprovação de um aluno é algo temeroso, que tem repercussões negativas que ultrapassam sua vida escolar. Assim como o peso do fracasso e o estigma de repetente podem reduzir suas chances de aprendizagem, também sua personalidade pode ser afetada. Em consequência da reprovação, o aluno pode desenvolver um conceito negativo que o leve a abandonar os estudos; todavia tem de ser analisado caso a caso, considerando os conceitos iniciais de esperança, cultura e amor; ditos claro no sentido mais amplo da palavra.
Não podemos esquecer que os fins da educação indicam os rumos da ação educativa, os princípios básicos que irão norteá-la, tendo presente o verdadeiro sentido da existência humana. Enquanto a ciência avança é dever da educação proporcionar o instrumento necessário para acompanhar essas transformações, despertando o ideal de busca, da pesquisa e da atualização. O pleno desenvolvimento do educando, supõe uma educação abrangente, que considere o homem não só como indivíduo, mas também como participante de uma sociedade. A escola tem hoje, com justa razão, a preocupação de conquistar o apoio da comunidade, considerando-o relevante para uma atuação eficaz.
Por derradeiro, quero agradecer ao Edil Ademar Vieira Junior, pela indicação para receber na noite da próxima quarta a “ Medalha Legislativa Marisa Serrano do Mérito Educativo.” Ele que foi Subsecretário de Defesa dos Direitos Humanos e desde 1987 atua em projetos sócio-educacionais, mantendo o ISA (Instituto Social Alecrim), que está dividido em três vertentes: ambulância, visita solidária e escolinha de futebol.
A Medalha é outorgada, aos profissionais da educação, que tenham se destacado em sua área de atuação, seja na sala de aula, na gestão, no planejamento, na inspeção, na supervisão ou na orientação educacional. Mormente, para os milhares de alunos que tive em três décadas de labuta, digo: Esta medalha é de cada um de vocês. Recebam-na em seu peito, principalmente aqueles que iam a pé de suas casas aos domingos, para receberem as minhas orientações, em uma lousa improvisada, em cima da mureta.
Permitam-me contar um detalhe. Existem duas frases que foram ditas e que eu não esqueci. Um dia, um de vocês me disse: Poxa professor o Senhor foi aprovado em mais de 13 vestibulares e nas primeiras colocações. –Que orgulho que tenho de ser seu aluno! E hoje sou eu que digo: Eu que tenho orgulho de ter sido seu professor, lhe vi esta semana dando entrevista na televisão e usando palavras que compartilhamos. E um outro que disse: – Professor o Senhor não vai cobrar mesmo as aulas? Eu respondi: – Estará me pagando se um dia eu lhe ver respeitar seu semelhante, ouvir seus pais com atenção, ou se eu te ver estendendo a mão a um necessitado. Hoje é o dia de eu receber e de ter a alegria de vê-los seguindo o exemplo que deixei.
(*) Articulista
