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domingo, 24 de novembro, 2024
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Médica diz que calor extremo traz consequências para a saúde mental como cansaço e desânimo

É pauta em todas as rodas de conversa e, além de nos assustar, por mais debatido que seja, ainda gera perguntas. O fato é que ultimamente tornou-se mais do que comum, dia após dia, ligar a TV, rolar pelos feeds das redes sociais, acompanhar jornais e avisos meteorológicos, e ver um alerta. Sim, a pauta é o calorão! 

Junto com as sensações causadas pelas altas nos termômetros, têm os questionamentos, sejam em relação à saúde ou ao tempo. Para entender o porquê isto ocorre, como serão nossos dias daqui para frente e como podemos nos proteger do calor intenso, a Dra. Carolina Albuquerque Arroyo, dermatologista e especialista em clínica médica da Unimed Campo Grande, e Natálio Abrahão, meteorologista, explicam o que vem causando as mudanças climáticas e como tudo isso pode afetar nossa saúde.   

Sensações 

Dra. Carolina Albuquerque Arroyo 

Sem dúvidas as altas temperaturas podem causar mal-estar. A própria elevação da temperatura acaba gerando prejuízos funcionais, as pessoas acabam mudando a rotina em função disto, pois realmente em ambientes externos é praticamente impossível ficar sem sentir aquela sensação de ‘derretimento’.  

O calor afeta o psíquico 

Dra. Carolina Albuquerque Arroyo 

Nosso corpo está habituado a uma temperatura média de 36,5ºC e, quando estamos expostos a um ambiente com uma temperatura muito maior, isso acaba sendo transferido para o nosso corpo e, uma das formas do organismo tentar equilibrar esse calor extremo, é extravasando o calor, por isso suamos mais, o metabolismo trabalha mais, gerado mais cansaço e fadiga. Neste processo ainda há a dilatação dos vasos sanguíneos, e aí ocorre queda de pressão, desânimo, falta de ânimo para realizar as atividades.  

O calor também influencia nossa atividade mental, pois há uma diminuição do estado psíquico em dias muito quentes, é comum ter dificuldade para pensar e raciocinar.  

A principal complicação é a desidratação 

Dra. Carolina Albuquerque Arroyo 

Além disso, atrelado aos efeitos dos sintomas relacionados à mente existe uma linha tênue, porque a desidratação, que é a principal complicação causada pelo calor, acaba gerando também alterações no nível de consciência e o paciente pode ficar mais sonolento e ter confusão mental. 

E por que todo esse calor? 

Natálio Abrahão  


Lá em maio já se comentava sobre o La Niña. E o que é isso? Temos no Oceano Pacífico, principalmente na faixa do Equador, raios de sol que incidem mais verticalmente, e ali as variações de temperatura são mais proeminentes, então aquece mais ou resfria mais. O La Niña faz justamente com que as águas fiquem mais frias, e estávamos com esse fenômeno até meados de abril, mas em maio inverteu, as correntes marítimas do Pacifico começaram a apresentar aumento de temperatura.  

Algo importante destacar é que demora cerca de seis meses para uma variação pequena e essa variação em questão veio a galope. Em maio saímos do La Ninã e já entramos no El Niño, onde as águas do Pacífico ficam mais quentes. Essa água evapora e, ao evaporar, entra em uma linha de fluxo de ventos, ou para cima ou para baixo, para o Hemisfério Norte ou Hemisfério Sul. A tendência, que estávamos esperando, era uma época boa, já que o El Niño costuma ser benéfico para Mato Grosso do Sul, porque é quando as chuvas são mais distribuídas e em maior volume, na agricultura é tempo de maior produção, mas o que aconteceu é que o fluxo de ventos que deveria vir para a América do Sul e América do Norte foi apenas para o Hemisfério Norte.  

Nós trabalhamos com pressão e quando ela está alta o ar afunda e leva para longe a umidade, que vai para as ‘bordas’ dos continentes. E onde estão as bordas? No Nordeste, Rio Grande do Sul e teria que vir para as Cordilheiras, mas nesta região é um paredão. Conclusão: chove no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no sul do Paraná e chove isoladamente no Nordeste. E cadê a chuva daqui? Os raios estão verticais, e quando isto ocorre as temperaturas sobem sem parar. Outubro foi o mais quente do ano, porque os raios estavam em cima do nosso estado.  

O calor não vai acabar 

Natálio Abrahão  

Na vai acabar! Vemos chuvas ultimamente, mas que não refrescam, porque a situação de bloqueio, o centro de alta pressão está atuando no Centro- Oeste, as chuvas mesmo ocorrem nas bordas. Somado a isso, temos a questão do Aquecimento Global, o mundo está mais quente, estamos 1,2º mais quente comparado ao século passado. E de onde veio o combustível para essas altas nos termômetros? Desmatamento, combustíveis fósseis, atividades antrópicas, solo exposto, entre outros. Precisamos de um freio! 

Já adianto que em 2024 tem mais ondas de calor, tem repetição do filme que estamos vendo em 2023.  

A pele precisa de atenção 

Dra. Carolina Albuquerque Arroyo 

A pele é o único órgão que sofre diretamente com o impacto do sol, da radiação, pois está em contato direto como ambiente externo. O que vemos ultimamente? Uma população com expectativa de vida aumentando e, consequentemente, aumentando os problemas de pele ocasionados pelo sol.  

Raios 

Natálio Abrahão  


Temos três tipos de raios, e um deles provoca o envelhecimento precoce, então, mesmo com o céu fechado os raios atravessam as nuvens e podem ser prejudiciais. Olhou para o céu e está fechado? Não deixe de se proteger.   

Dra. Carolina Albuquerque Arroyo 

O raio mais nocivo é o UVB, que paira entre 10h e 16h. Além disso, a intensidade da radiação é muito importante para o dano na nossa pele e as áreas mais expostas são face, orelha, nariz e mãos.  

Pigmentos 

Dra. Carolina Albuquerque Arroyo 

Sempre indicamos o protetor com o maior número de FPS. Pessoas de pele clara, por exemplo, precisam usar protetores com FPS próximo dos 90. Hoje ainda temos o advento dos protetores com pigmento, e por quê? O pigmento acaba sendo mais um fator na barreira da penetração da radiação. Todo pigmento aplicado à pele acaba sendo uma barreira e isso se aplica também à maquiagem. 

Tá sentindo o calor aí? Como se cuidar? 

Cansaço, desânimo e queda de pressão são alguns dos sintomas sentidos por nós durante as ondas de calor que, hoje, atingem várias regiões do Brasil. E, enquanto o calorão não dá uma trégua, precisamos incluir na rotina diversos cuidados para nos protegermos e enfrentar os dias em que os termômetros registram altas temperaturas, como: 

– Hidrate-se: beba muita água para evitar a desidratação. O ideal é pelo menos 2 litros, precisando atentar-se às perdas, como ao suar, então, nesses casos, é necessário ingerir mais 

– Fique atento (a) à umidade do ar: use colírios e soluções fisiológicas para aliviar irritações nos olhos e vias aéreas. Inclua também o uso de umidificadores no dia a dia 

– Evite exposição ao sol: principalmente entre 10h e 16h. E não se esqueça do protetor solar, é essencial 

– Atividades físicas: faça exercícios em horários mais frescos, como logo pela manhã, nos primeiros horários do dia, ou ao após o pôr do sol 


A cor da roupa faz toda diferença 

Dra. Carolina Albuquerque Arroyo 

Cores escuras evitam a dissipação da radiação, então absorvem energia. O ideal, no calor, é usar roupas de cor clara, com tecidos leves, chapéus e bonés. 

Natálio Abrahão  

Roupas brancas: a energia bateu, joga tudo para fora. Roupas pretas: sol bateu, a energia fica toda conosco.  

Spoiler: vem chuva por aí 

Natálio Abrahão  


Teremos chuvas, enchentes, ventos fortes acima dos 70 km/h e descargas elétricas até dezembro. Então, cuidem-se! 

Para saber mais sobre o assunto acompanhe “SOL QUEIMANDO? AS CONSEQUÊNCIAS DAS ALTAS TEMPERATURAS” no podcast Cuidar de Você, da Unimed Campo Grande. Clique aqui e acesse o podcast.

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