Com participação recorde em quatro décadas, pesquisas sugerem que campo apoiado por Macron sairá enfraquecido das urnas
O campo da direita pode ter saído fortalecido do primeiro turno das eleições parlamentares francesas neste domingo (30). É o que apontam as pesquisas de boca de urna locais. As estimativas mostram que o partido União Nacional, liderado por Marine Le Pen, deve sair à frente na preferência dos eleitores. Mas o resultado final imprevisível dependerá de dias de negociação antes do segundo turno da próxima semana.
As pesquisas estimam o RN com cerca de 34% dos votos, segundo levantamentos diferentes feitos por Ipsos, Ifop, OpinionWay e Elabe.
A taxa é maior do que a dos rivais esquerdistas — numa coalizão que incluí a esquerda radical — e centristas, com a aliança Juntos do presidente Emmanuel Macron, cujo bloco deve ficar com 20,5% a 23% dos votos. A Nova Frente Popular, uma coligação de esquerda montada às pressas, deveria obter cerca de 29% dos votos, mostraram as sondagens.
Os resultados da votação com grande participação, que estavam em linha com as sondagens antes das eleições, forneceram pouca clareza sobre se o RN anti-imigrante e eurocético será capaz de formar um governo ao lado do pró-UE Macron.
Falta agora uma semana de negociação política antes do segundo turno. O resultado final dependerá de como os partidos decidirem unir forças em cada um dos 577 círculos eleitorais de França para a segunda volta. No passado, os partidos de centro-direita e centro-esquerda de França uniram-se para impedir que o RN tomasse o poder, mas essa dinâmica, chamada de “frente republicana” na França, é menos certa do que nunca.
A decisão do presidente francês, este mês, de convocar eleições antecipadas mergulhou o seu país na incerteza política, enviou ondas de choque por toda a Europa e provocou uma venda de ativos franceses nos mercados financeiros.
Pária de longa data, o RN está agora mais perto do poder do que nunca. Le Pen procurou desintoxicar um partido conhecido pelo racismo e pelo antissemitismo, uma tática que funcionou num contexto de raiva dos eleitores contra Macron, do elevado custo de vida e das crescentes preocupações com a imigração.
Segundo turno
Só os candidatos que conseguiram mais de 12,5% dos votos neste domingo vão ao segundo turno. A votação está marcada para 7 de julho. As eleições legislativas no país foram antecipadas depois que Macron dissolveu o parlamento do país.
O comparecimento às urnas foi recorde em 40 anos, com comparecimento de quase 60% dos franceses. O índice está 20 pontos percentuais acima do registrado em 2022. Há 49,5 milhões de eleitores registados que escolherão os 577 membros da Assembleia Nacional, a influente câmara baixa do parlamento francês.
*com informações CNN e R7