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Brasileiro “Que Horas Ela Volta?” ganha prêmio de público em Berlim

15/02/2015 12h00

Brasileiro “Que Horas Ela Volta?” ganha prêmio de público em Berlim

UOL

Sem filmes concorrendo na competição oficial, o cinema brasileiro participou da 65ª edição do Festival de Berlim nas Mostras Panorama, Generation e Forum, mas isso não quer dizer que a seleção tenha sido desprestigiada. O público do festival esgotou sessões de “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert, para quem deu o prêmio de melhor filme do festival.

“Ausência”, de Chico Teixeira, foi igualmente elogiado, com o público participando ativamente dos debates com o diretor no final da exibição. Ambas as histórias mostram de alguma forma as questões sociais pelas quais o país está passando.

Estrelado por Regina Casé, “Que Horas Ela Volta” conta a história de Val, que deixa uma filha pequena no Nordeste e parte em direção a São Paulo, onde se emprega na casa de uma família e acaba sendo uma “segunda mãe” do filho do casal. Treze anos depois, a sua filha Jessica (Camila Márdila, também premiada no festival por sua performance), vai ao encontro da mãe para prestar vestibular.

Wieland Speck, curador da Panorama, diz que viaja anualmente para o país e neste ano queria mostrar “que o Brasil não é mais aquele lugar onde os mais ricos fazem filmes sobre os mais pobres”. Para ele, a seleção “apresenta um retrato atual das mudanças no cenário brasileiro político e social brasileiro”.

O comentário geral é de que o Brasil exibiu sua seleção mais interessante em 2015. “‘Que Horas Ela Volta?’ prova que uma comédia por ser engraçada e ao mesmo inteligente e sutil”, comentou o jornalista francês Malik Berkati. Em artigo no espanhol “La Vanguardia”, é mencionado que o filme mostra “uma sociedade em processo de mudança com amostras de uma emancipação das classes menos privilegiadas.”

Em entrevista no fim da última exibição de “Ausência”, a estudante alemã Ilwyn Siwsiay, 29, disse que este “é um filme muito autêntico na forma que ele transporta os sentimentos de perda e solidão. O garoto tentando ter amor de qualquer um e sendo rejeitado, foi muito difícil de ver. Mas é um filme muito importante para que as pessoas vejam como crianças crescem em uma atmosfera onde não podem criar uma personalidade saudável.”

Chico contou ao UOL que “Ausência” veio de uma aposta em suas observações em São Paulo. Roteiro que surgiu no Co-Production Market da Berlinale, o longa mostra a solidão adulta dos jovens brasileiros que amadurecem cedo por causa das obrigações e necessidades da família. “Esse filme mostra um garoto que está entrando na vida pela porta dos fundos. Esse filme veio de uma inquietação minha. Não quero falar de favela e tiros. Me interessa falar de gente, do ser humano, da complexidade que é a humanidade. Todo mundo é traído, é abandonado, não é fácil viver”, comentou.

Para a catalã Carlota Monsegui, o longa do carioca “poderia ser o melhor da Berlinale”. Ela escreve que “a presença do Brasil no festival foi fundamental para esta edição. Nas quatro sessões principais, temos títulos muito interessantes, como ‘Beira-Mar’. Mas a grande revelação veio com ‘Ausência’, um filme que mostra uma extrema crueldade humana.”

“Beira-Mar”, da dupla iniciante Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, foi exibido como parte da mostra Forum, que destacou as dificuldades e abusos que os adolescentes sofrem nos dias de hoje. De Lírio Ferreira, “Sangue Azul” foi exibido também na Panorama. Ao UOL, o grupo de amigos John Ewald, 28, Christian Becker, 29, e Allan Griegs, 25, disse que o filme é bonito, mas não surpreende. “Trouxe meus amigos porque visitei Fernando de Noronha, e gostei muito das cenas no início e da fotografia. Mas depois não entendi, para que tanto sexo?”, questiona Ewald.

Para Lírio, “‘Sangue Azul’ é uma expedição de ficção científica sobre o cinema, sobre o circo e sobre a impossibilidade do amor. Estamos passando por uma transição muito forte na forma de fazer cinema. Dos últimos cinco anos para cá o cinema tem passado por mudanças tecnológicas muito grandes. A presença do circo é uma metáfora: É um arte que já ‘capengou’ e que foi se reinventando. E o cinema está vivenciado um processo semelhante, de reinvenção.”

O público do festival esgotou sessões de

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