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sexta-feira, 27 de dezembro, 2024
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Por que as histórias originais não fazem mais sucesso no cinema?

Sequências, reboots e universos compartilhados dominam as bilheterias

O público não se interessa mais por histórias originais porque elas não estão mais sendo feitas, ou as histórias originais não estão mais sendo feitas porque o público não se interessa? O dilema, que lembra uma antiga propaganda de bolacha (ou biscoito, outro dilema), está em pauta agora no cinema.

O fenômeno não é recente, mas está mais explícito: as novas histórias enfrentam cada vez mais dificuldade para atrair um grande público às salas de cinema. As 12 maiores bilheterias de 2024 pertencem a filmes que são sequências, reboots ou fazem parte de algum universo cinematográfico.

Enquanto isso, as histórias originais lutam para se pagar. Um exemplo é Armadilha, novo thriller de M. Night Shyamalan, que em seu primeiro final de semana em exibição no Brasil ficou apenas em quinto lugar na lista de filmes mais vistos no país.

“Eu entendo que é mais fácil chegar até você se você já conhece o assunto. Eu, ao contrário, estou tentando chamar sua atenção, quero te contar algo novo. É isso que me atrai. Eu posso sentir isso do público, que eles querem algo novo”, disse Shyamalan, em entrevista para o lançamento de Armadilha.

O problema é que o público não parece muito disposto a gastar o dinheiro do ingresso com algo novo. Um levantamento da plataforma de análise de bilheteria EntTelligence, publicado pelo Yahoo Finance em março, revelou que, das 60 maiores bilheterias do cinema nos EUA desde 2016 (com exceção de 2020, quando a maior parte das salas esteve fechada por causa da pandemia), apenas cinco filmes não eram sequências ou baseados em uma propriedade intelectual já existente.

Ainda segundo o relatório do EntTelligence, os dez filmes mais vistos representaram, em média, 30% de toda a bilheteria em cada um desses anos. Isso significa que os estúdios têm cada vez menos margem de manobra para arriscar.

Assim, fica fácil entender a aposta em algo já conhecido pelo público. O campeão de bilheteria da temporada é Divertida Mente 2, que arrecadou quase US$ 1,6 bilhão. Deadpool & Wolverine vem na sequência, também ultrapassando a marca mágica de US$ 1 bilhão.

A história original de maior sucesso de 2024 é Amigos Imaginários, uma fantasia com Ryan Reynolds dirigida por John Krasinski, sobre uma garota que consegue ver os amigos imaginários esquecidos pelas crianças que já cresceram. O filme arrecadou US$ 190 milhões.

Nesta semana, outras duas sequências entraram em cartaz: Alien: Romulus (o sétimo longa da franquia Alien, sem contar os crossovers com O Predador) e Estômago 2: O Poderoso Chef, sequência do filme brasileiro de 2007. Na próxima semana, é a vez da estreia de O Corvo, reboot do filme que ficou famoso nos anos 90 pela morte de Brandon Lee durante as gravações.

Até o final do ano, ainda teremos sequências tardias (Gladiador 2 e Os Fantasmas Ainda Se Divertem), reboots de quadrinhos (Hellboy e O Homem Torto), reboot em animação (Transformers: O Início), sequência musical (Coringa: Delírio a Dois), sequência de terror (Sorria 2 e Terrifier 3), sequência de animação (Moana 2), e filmes do universo do Homem-Aranha sem o Homem-Aranha (Venom: A Última Rodada e Kraven: O Caçador), entre outras “não novidades”.

Enquanto isso, o streaming virou um refúgio para diretores arriscarem um pouco mais. Diretores de peso como Martin Scorsese, David Fincher, Spike Lee e os irmãos Cohen já lançaram seus filmes diretamente na telinha. Com histórias originais, por sinal.

Fonte: R7

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