Começou nessa segunda-feira (16) o 2º julgamento da Operação Omertà, que investigou a atuação de uma suposta milícia armada em Mato Grosso do Sul. Em um dos primeiros atos registrados, a defesa do policial federal Everaldo Monteiro, réu pela morte de Marcel Colombo, o ‘Playbooy da Mansão’, pediu pelo desmembramento do júri.
Ainda segundo os advogados, Everaldo deve ser julgado em outra oportunidade. Em sua justificativa para o pedido, a perícia não feita em áudios juntados no inquérito. “Relativo à perícia, insisto que não foi realizada. Existe a necessidade da perícia desse material integralidade, e ainda necessário talvez desmembramento do júri.”, disse a defesa.
Ele também alegou que seria necessário o cliente ser julgado em outro momento, “No sentido de que quando deferiu o alargamento do prazo, o inquérito era de 6 mil páginas e hoje tem mais de 10 mil páginas. O réu tem direito à defesa efetiva e plena e o tempo é essencial.”, disse.
O volume do processo também foi citado pelo promotor Douglas Oldegardo. Em entrevista à imprensa, ele classificou como ‘absurdo’. “Não há dúvida nenhuma, o volume de provas técnicas é verdadeiramente absurdo, felizmente nós vamos ter um bom número de dias para exibir isso para o Conselho de Sentença através da inquirição de testemunhas e nós teremos, inclusive, o tempo dilatado”, disse.
O promotor citou que “muito da prova vai ser produzida antes dos debates, através dos depoimentos, de forma que por ocasião do processo dialético que vai se desenvolver entre acusação e defesa nós poderemos discutir esta prova, que já vai ter sido produzida, fornecendo ao Conselho de Sentença já uma percepção mais apurada a respeito daquilo que o processo contém, proporcionando à sociedade uma decisão mais sólida e mais consciente”.
Além de Everaldo Monteiro, também estão sendo julgados os réus Jamil Name Filho e Marcelo Rios. Name Filho, que cumpre a pena na Penitenciária Federal de Mossoró (RN), será ouvido por videoconferência enquanto os outros estarão presentes no plenário do júri. Ao todo, 19 testemunhas serão ouvidas. O juiz Aluízio Pereira dos Santos proibiu manifestações no plenário, bem como camisetas ou cartazes com fotos, ou frases sugestivas.
O caso
Jamil, Marcelo e Everaldo respondem por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e também por tentativa de homicídio contra Thiago do Nascimento Bento, amigo de Marcel, baleado no dia do crime. O ex-guarda civil metropolitano, Rafael, responde por porte ilegal de arma de fogo.
Marcel Hernandez Colombo, de 31 anos, foi executado com tiros de pistola enquanto conversava e bebia com amigos em um bar na Avenida Fernando Corrêa da Costa, no dia 18 de outubro de 2018. O crime foi gravado por câmeras de segurança, que mostraram os assassinos chegando de moto e executando a vítima pelas costas.
O motivo da execução seria um desentendimento entre Marcel e Jamil Name Filho ocorrido dois anos antes em uma boate da capital, após o qual Jamil teria prometido vingança.
Jamilzinho e os outros acusados já respondem na Justiça pela execução de Matheus Coutinho Xavier, de 19 anos, em abril de 2019, um crime que resultou na morte do estudante por engano. Ano passado, Jamil Name Filho foi condenado a 23 anos e seis meses de prisão por ser mandante do assassinato de Matheus, e Marcelo Rios também foi sentenciado à mesma pena por envolvimento no caso.
A morte de Colombo foi investigada pela Operação Omertà, que revelou a autoria do crime após desvendar os responsáveis pela execução de Matheus. As investigações apontaram que ambos os crimes foram ordenados pelas mesmas pessoas e executados pelos mesmos pistoleiros, com os mandantes sendo Jamil Name Filho e seu pai, Jamil Name, que faleceu durante a pandemia de COVID-19.
Marcelo Rios teria a tarefa de contratar pistoleiros, e Everaldo foi responsável por monitorar a rotina da vítima.
Marcel Colombo já havia sido alvo de uma operação da Polícia Federal (Operação Harpócrates) em dezembro de 2017, que investigou a importação ilegal de produtos do Paraguai, resultando na apreensão de cerca de duzentos mil reais em produtos ilegais.
Ele chegou a ficar alguns meses na cadeia sendo solto. Juanil Miranda Lima, acusado de ser o atirador, está foragido.