Terminou na madrugada desta quinta-feira (19) o julgamento histórico do assassinato de Marcel Colombo, conhecido como “Playboy da Mansão”, em crime ocorrido no ano de 2018 em um estabelecimento comercial de Campo Grande. Os envolvidos foram investigados na chamada Operação Omertà, que desmembrou uma quadrilha poderosa que agia em Mato Grosso do Sul.
Foram quatro dias de julgamento no Fórum de Campo Grande, com destaque para o aparato policial para garantir a segurança de todos. Esse foi o segundo julgamento dos envolvidos na operação. O primeiro, realizado em julho de 2023, foi referente a morte do jovem Matheus Coutinho Xavier.
Julgamento histórico
Em entrevista à imprensa, o juiz responsável pelo julgamento, Aluízio Pereira dos Santos, classificou este como o maior júri da história sul-mato-grossense. “Só tenho a dizer que foi uma corda aliviada. Não tem mais nada a ser julgado. O resultado foi bom e as respostas foram bons. Teve crime, mas também teve motivo”, explicou.
Durante as 36 horas de sessão, as defesas dos réus tentaram provar aos jurados a inocência de cada um deles e também apontaram para a falta de acesso às provas. O advogado de Marcelo Rios adiantou que vai pedir a nulidade e o advogado de Rafael Antunes Vieira vai entrar com recurso em busca da absolvição.
O grupo já responde pela execução de Matheus Coutinho Xavier, de 19 anos, morto por engano em abril de 2019. No ano passado, Jamil Name Filho foi condenado a 23 anos e seis meses de prisão por ser mandante da execução e o comparsa Marcelo Rios também foi sentenciado à mesma pena por envolvimento.
O júri condenou os quatro réus pela execução. Confira os detalhes logo mais abaixo.
Jamil Name Filho
- A sentença inicial previa 18 anos de prisão ao empresário, considerado o mandante do crime. Porém, após considerações do juiz, que chegou a lembrar de provocações de Colombo a Jamil Name Filho em uma boa de Campo Grande, reduziram a pena a 15 anos de prisão por homicídio qualificado por motivo torpe e de maneira a dificultar a defesa da vítima em regime fechado.
Marcelo Rios
- Apontado como responsável por planejar e contratar pistoleiros para executar Marcel, o ex-guarda também foi condenado a 15 anos de prisão em regime fechado. Logo que escutou a sentença, Marcelo Rios se mostrou desapontado e chegou a escrever um bilhete para seu advogado.
Everaldo Monteiro de Assis
- Podendo recorrer à sentença em liberdade, o policial federal foi condenado a oito anos e quatro meses de prisão em regime fechado. Além disso, ele foi condenado a perda do cargo.
Rafael Antunes
- Este último foi condenado a dois anos e seis meses em regime aberto por ocultação de arma de fogo.
O caso
Marcel Hernandez Colombo, de 31 anos, foi executado com tiros de pistola enquanto conversava e bebia com amigos em um bar na Avenida Fernando Corrêa da Costa, no dia 18 de outubro de 2018. O crime foi gravado por câmeras de segurança, que mostraram os assassinos chegando de moto e executando a vítima pelas costas.
O motivo da execução seria um desentendimento entre Marcel e Jamil Name Filho, ocorrido dois anos antes em uma boate da capital, após o qual Jamil teria prometido vingança.
A morte de Colombo foi investigada pela Operação Omertà, que revelou a autoria do crime após desvendar os responsáveis pela execução de Matheus. As investigações apontaram que ambos os crimes foram ordenados pelas mesmas pessoas e executados pelos mesmos pistoleiros, com os mandantes sendo Jamil Name Filho e seu pai, Jamil Name, que faleceu durante a pandemia de COVID-19.
Marcelo Rios teria a tarefa de contratar pistoleiros, e Everaldo foi responsável por monitorar a rotina da vítima. Ele chegou a ficar alguns meses na cadeia, mas foi solto depois. Juanil Miranda Lima, acusado de ser o atirador, está foragido.
Marcel Colombo já havia sido alvo de uma operação da Polícia Federal (Operação Harpócrates) em dezembro de 2017, que investigou a importação ilegal de produtos do Paraguai, resultando na apreensão de cerca de duzentos mil reais em produtos ilegais.