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sexta-feira, 20 de setembro, 2024
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Sob influência do La Ninã, primavera começa no domingo

No domingo (22), exatamente às 08h44 (horário Legal de Brasília), tem início no hemisfério sul a primavera. Este horário marca o equinócio de primavera no hemisfério sul e de outono no hemisfério norte. Com duração até 21 de dezembro, serão três meses na transição do frio de inverno para o calor de verão. É esperada a atuação do fenômeno La Niña — que, ao contrário do El niño, é caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico —, resultando em chuvas irregulares e abaixo da média.

Conforme explica astrônoma do Observatório Nacional, Josina Nascimento, as diferentes estações do ano acontecem porque o eixo de rotação da Terra é inclinado em relação ao seu plano de órbita e, além disso, pelas diferentes posições da Terra em sua translação em torno do Sol.

“À medida que a Terra orbita o Sol, seu eixo inclinado sempre aponta na mesma direção e isso faz com que diferentes partes da Terra recebam os raios diretos do Sol. O instante exato do início de uma estação do ano é determinado por uma posição específica da Terra em sua órbita”, diz Josina.

Sob influência do La Ninã, primavera começa no domingo

A astrônoma também explica que para compreender o exato instante do início das estações, é preciso imaginar a Terra parada e o Sol se movendo em relação a nós. Nessa perspectiva, o Sol percorre um caminho que se chama eclíptica. O instante do equinócio de setembro é aquele em que o Sol cruza o equador celeste, que é a extensão do equador terrestre, indo de norte para sul. No hemisfério sul é o equinócio de primavera e no hemisfério norte é o equinócio de outono.

Sob influência do La Ninã, primavera começa no domingo
Imagem de © Kepler de Souza Oliveira Filho & Maria de Fátima Oliveira Saraiva

Posições da Terra nos solstícios e equinócios

As estações do ano são marcadas pela maneira como os raios solares incidem nos hemisférios. Além da temperatura, um dos efeitos que evidenciam as estações é a variação dos comprimentos dos dias, ou seja, a quantidade de tempo que o Sol fica acima do horizonte. Nas regiões próximas ao equador terrestre, esse efeito praticamente não existe. No entanto, quanto mais nos afastamos do equador terrestre, mais esse efeito torna-se evidente.

“No início da primavera, os dias terão aproximadamente o mesmo comprimento das noites. No hemisfério sul, os dias vão ficando cada vez maiores e as noites cada vez menores, até o maior dia do ano, que ocorre no início do verão, que neste ano será dia 21 de dezembro”, explica Josina.

Os locais onde o Sol nasce e se põe e o caminho que o Sol faz no céu também difere de acordo com as estações do ano.

Nos equinócios, por exemplo, o sol nasce no ponto cardeal leste e se põe no ponto cardeal oeste. Já nos solstícios o sol nasce em máximo afastamento do ponto cardeal leste e se põe no máximo afastamento do ponto cardeal oeste.

No hemisfério sul, o máximo afastamento do nascer do sol no solstício de verão ocorre para sudeste e no ocaso (pôr do sol) para sudoeste; inversamente, no solstício de inverno o máximo afastamento do Sol no nascer é para nordeste e no ocaso para noroeste.

Josina explica que os solstícios e equinócios não ocorrem exatamente nos mesmos dias do ano a cada ano. Por exemplo, a primavera nos anos atuais pode ser no dia 22 de setembro em alguns anos e no dia 23 em outros anos.

Há alguns fatores envolvidos nessa diferença. Um deles é porque o tempo decorrido entre dois equinócios de março, o chamado ano trópico, é menor que o ano sideral, definido como o tempo de translação da Terra em torno do Sol.

“O nosso Calendário Gregoriano baseia-se no ano trópico e institui um ano bissexto em todos os anos divisíveis por 4, exceto para séculos inteiros, que só são bissextos se forem múltiplos de 400. Isso faz com que o instante do início de uma estação seja próximo ao instante do início da mesma estação 4 anos antes ou 4 anos depois”, explica Josina.

La Niña na primavera

Os principais centros de monitoramento do clima global já consideram a formação do fenômeno La Niña no decorrer da primavera de 2024. A estiagem deste ano começou mais cedo, em parte por conta do aumento dos incêndios florestais que têm ocorrido no final do inverno.

O retorno da chuva regular é muito esperado neste momento, não só para ajudar a apagar estes incêndios, mas para refazer a umidade do solo para que se possa iniciar o plantio da nova safra agrícola. A chuva do verão 2023/2024 ficou abaixo do desejado, e assim, o Brasil sente os efeitos da estiagem prolongada e do calor intenso.

Vinícius Lucyrio, meteorologista do Climatempo, analisou os principais aspectos da primavera 2024, confirmando a formação de um novo La Ninã. “Houve um incremento na chance de La Niña segundo a última projeção do IRI/CPC. Agora há 81% de chance de ocorrência do fenômeno no trimestre outubro-novembro-dezembro e 83% para o trimestre novembro-dezembro-janeiro. Portanto, deveremos ter sim a instalação do fenômeno, especialmente ao longo de outubro. O resfriamento também aumentou nas últimas semanas, em especial nas porções a leste do Pacífico Equatorial”, afirmou.

O Brasil deve começar a sentir os efeitos do La Ninã logo no início da nova estação, pois o resfriamento, mesmo que lento, já ocorre há alguns meses. No Sul, o fenômeno vai causar “maior espaçamento entre os eventos de tempo severo durante a primavera”, mas que serão intensos quando de fato ocorrerem.

Lucyrio disse também que a região Oeste do Sul vai enfrentar ondas de calor, que, em todo o País, serão tão ou mais intensas e prolongadas quanto em 2023.

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