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sábado, 26 de outubro, 2024
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Conselho da Petrobras aprova R$ 3,5 bilhões para retomar obras na UFN3 em MS

O projeto será incluído no novo plano de negócios da empresa, que será divulgado em novembro

O conselho de administração da Petrobras decidiu retomar as obras da fábrica de fertilizantes em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, que estavam paralisadas desde 2015, após o surgimento do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. O projeto será integrado ao novo plano de negócios da empresa, que será apresentado em novembro, e a conclusão das obras exigirá um investimento de R$ 3,5 bilhões, conforme informou a estatal.

Dois conselheiros independentes, Marcelo Gasparino e Francisco Petros, manifestaram voto contrário à proposta. Antes de sua interrupção, o projeto já havia consumido R$ 3,9 bilhões. A retomada das operações no setor de fertilizantes foi uma das diretrizes atribuídas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard. Este ano, a companhia já havia autorizado a reabertura da Ansa (Araucária Nitrogenados SA) no Paraná.

Em comunicado, a Petrobras explicou que a decisão foi baseada em uma reavaliação cuidadosa do projeto, que confirmou sua viabilidade econômica dentro do novo Plano Estratégico 2024-2028. Em entrevista na sexta-feira (25), Wilson Guilherme Silva, gerente geral de Programas de Investimentos da estatal, afirmou que a análise técnico-econômica não considerou subsídios para o preço do gás natural, o que proporciona segurança para iniciar a fase de contratações. As licitações devem ser abertas em novembro, e a empresa refará a avaliação econômico-financeira até o primeiro semestre de 2025, após receber as propostas.

A Petrobras destacou que todas as contratações passarão por análises rigorosas, respeitando práticas de governança e procedimentos internos. As obras da fábrica devem gerar aproximadamente oito mil empregos diretos e indiretos, com cerca de 600 pessoas trabalhando durante a operação. A unidade terá capacidade para produzir 1,2 milhão de toneladas de amônia e 70 mil toneladas de ureia por ano, utilizando 2,2 milhões de metros cúbicos de gás diariamente, com início das operações previsto para 2028.

A análise para retomar o projeto teve início em 2023, quando o setor de fertilizantes foi reintegrado ao planejamento estratégico da Petrobras, que, durante o governo Bolsonaro, se concentrou na exploração do pré-sal. O governo defende que o agronegócio brasileiro, grande consumidor de fertilizantes, é dependente de importações, e o uso do gás natural é uma das estratégias do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para reduzir essa dependência.

Conhecida como UFN-3, a fábrica de Três Lagoas já possui mais de 80% das obras concluídas. Durante o governo de Jair Bolsonaro, a Petrobras tentou vender a unidade e chegou a negociar com a russa Akron, mas as conversas foram interrompidas em 2022, após o início da guerra na Ucrânia.

A retomada do projeto em Três Lagoas é a terceira aprovada após a Lava Jato no governo Lula. A Petrobras já havia autorizado a conclusão da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, com um investimento adicional de até R$ 8 bilhões. Em setembro, a estatal também anunciou que a finalização da refinaria do antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) custará R$ 13 bilhões; a unidade em Itaguaí, na região metropolitana do Rio, foi rebatizada como Complexo de Energias Boaventura.

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