Em discurso no encerramento do G20 Social, no início da tarde deste sábado (16), o presidente brasileiro defende participação social nas grandes decisões que afetam o planeta
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou no encerramento do G20 Social, que reuniu desde a última quinta-feira representantes de movimentos sociais e organizações não-governamentais no Rio de Janeiro. O G20 Social é uma criação do Brasil, que ocupa a presidência rotativa do grupo, e foi uma iniciativa do próprio Lula.
Antes de iniciar a leitura do texto, o presidente brasileiro disse ter tido a ideia do G20 Social há bastante tempo, mas que só pôde consolidá-la neste ano, e que tem esperança de que a África do Sul, próximo país a ocupar a presidência do bloco, repita a experiência na próxima cúpula de líderes.
Após a leitura do texto, Lula falou de improviso, e afirmou que o G20 Social não deve se encerrar neste sábado, mas ser levado como tarefa por todos os participantes e as entidades que representam, até que as propostas sejam implementadas. O presidente comparou o encontro com as edições do antigo Fórum Social Mundial.
“O Fórum Social Mundial teve um problema. A gente discutia muito, mas ia embora para casa sem saber o que fazer no dia seguinte. Até que aquilo cansou”, disse. “Mas esse fórum social do G20 não pode parar aqui. Vocês não estão fazendo um encerramento. Vocês estão fazendo a abertura de uma luta que vão ter de dar sequência 365 dias por ano. Isso é apenas o começo”.
Lula também recordou que uma de suas primeiras atividades públicas após deixar a prisão, na cela da Polícia Federal em Curitiba, encerrando pena de mais de 580 dias, foi visitar o papa Francisco, para dar início a um movimento para combater as desigualdades sociais no planeta, com o objetivo de resgatar o que chamou de “pessoas invisíveis” e que só “aparecem nas estatísticas”.
Lula voltou a destacar, como tem feito em diferentes encontros – a exemplo de seu discurso na abertura da Conferência da ONU, em 24 de setembro – que os países têm gastado muito mais em guerra do que em alimentos para as pessoas. “O G20 tem de acontecer todo o santo dia. Porque são 733 milhões de pessoas que vão dormir toda a noite sem ter o que comer. O mundo gastou no último ano 2 trilhões e quatrocentos bilhões de dólares em armamento, e não gastou quase nada para dar comida para as pessoas que precisam tomar café de manhã, almoçar e jantar”, disse.
Reforçando a defesa da participação social na disputa por um novo mundo, Lula exortou os presentes: “Gritem. Protestem. Reivindiquem. Se não, as coisas não acontecem”. Assim, traduziu o que havia dito no discurso preparado para a ocasião: “A economia e a política internacional não são monopólio de especialistas e nem de burocratas. Elas {a economia e a política} não estão só nos escritórios da Bolsa de Nova York ou da de São Paulo, nem só nos gabinetes de Washington, Pequim, Bruxelas ou Brasília. Elas fazem parte do dia a dia de cada um de nós, alargando ou estreitando as nossas possibilidades”.