Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), teria confirmado na deleção premiada ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que o político tinha total conhecimento do plano de Golpe de Estado e também das execuções do presidente Lula (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PTB) e do próprio Moraes.
A informação foi revelada nesta sexta-feira (22) pelo advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, durante entrevista ao vivo, via internet, ao programa Estúdio I, do canal Globonews, apresentado pela jornalista Andréia Sadi.
“Confirma que sabia [do plano], sim. Na verdade, o presidente de então sabia tudo, comandava essa organização”, declarou o representante do delator, acrescendo que o seu cliente “participou como assessor, verificou os fatos, indicou esses fatos ao seu chefe, que teria toda a liderança”.
A conexão com o advogado chegou a cair durante a fala dele, mas nove minutos depois foi reestabelecida. Ao ser perguntado novamente sobre o assunto, no entanto, o advogado muda a fala anterior e passa a dizer que não teria falado em um “plano de morte”.
“Uma coisa importante que eu tenho que retificar, que saiu uma coisa errada aí, eu não disse que o Bolsonaro sabia de tudo. Até porque o tudo é muita coisa, né. Alguma coisa evidentemente ele tinha conhecimento, mas o que é o plano? O plano tem um desenvolvimento muito grande”, corrigiu Bittencourt.
“O presidente, segundo a informação, teria conhecimento dos acontecimentos que estavam se desenvolvendo. Isso ele não pode negar, mas não tem nada além disso. Eu não falei plano de morte, plano de execução, de execução como sendo o plano de morte. Falei da execução do plano pensado, imaginado, desenvolvido, nesse sentido. (…) Eu não sei que tipo de golpe poderia ser. Agora, [Bolsonaro] tinha interesse no acontecimento que estava acontecendo aqueles dias, o presidente sabia.”
Bittencourt disse que Cid era um assessor de reuniões do ex-presidente, mas que ele não possui detalhes do que foi falado nestes encontros. “O que ele confirmou [nos depoimentos] foi que as reuniões foram realizadas e com quem foram realizadas”, afirmou. “[O depoimento] ontem foi apenas o coroamento desses fatos. Agora, vem a conclusão e deve ir para a PGR elaborar a denúncia.”
Na terça-feira (19), Cid prestou depoimento e negou ter conhecimento de um plano para um golpe de Estado. Na ocasião, ele foi chamado para depor após a PF recuperar dados apagados do computador dele e também foi interrogado sobre o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes. Na quinta-feira (21), Moraes ouviu Cid no STF e decidiu manter os acordos da delação.