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quarta-feira, 27 de novembro, 2024
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Conflito em Dourados: governador diz que trabalha para atender indígenas, mas não pode tolerar ‘paralisação do Estado’

O governador Eduardo Riedel (PSDB) garantiu que está trabalhando para atender as necessidades dos povos originários em Mato Grosso do Sul, especialmente no que diz respeito ao saneamento básico e água potável. A fala aconteceu durante a solenidade de abertura do Fórum de Mudanças Climáticas, que acontece em Campo Grande nessa quarta-feira (27).

“A gente está trabalhando pelas comunidades indígenas, mas temos que saber manter a ordem, o desenvolvimento, o direito das pessoas de ir e vir e não é dessa maneira que a gente vai construir resultado”, disse aos jornalistas, fazendo referência ao confronto ocorrido mais cedo entre a tropa do Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPMChoque) e indígenas das aldeias Jaguapiru e Bororó em um protesto pela falta de água potável.

Desde a segunda-feira (25), os indígenas mantêm bloqueado o trecho da rodovia estadual MS-153, entre Dourados e Itaporã, e também o anel viário norte, no acesso ao Hospital da Missão Evangélica Caiuá. Ontem, a Secretaria Estadual de Cidadania mandou documento oficial se comprometendo a perfurar dois poços na reserva com verba de R$ 250 mil, já garantida, entretanto, os indígenas continuaram com os bloqueios nesta quarta-feira.

Em resposta, o Governo do Estado mobilizou o Choque para desobstruir a rodovia, alegando que a medida visa garantir os direitos constitucionais do ir e vir. Sobre o assunto, o governador afirmou que a ação dos indígenas estava prejudicando todo o Estado. “A gente não pode tolerar, para além de qualquer discussão e negociação, o que foi feito por três dias seguidos, uma paralisação do Estado”, disse.

Eduardo Riedel também comentou que o acordo foi firmado ontem com as lideranças indígenas, após a garantia da perfuração dos poços, mas não foi cumprido por “interesses políticos e interferência de uma pessoa e de correntes de instituições públicas federais”. “O Estado não pode ficar refém de interesses políticos dentro da comunidade indígena”, completou o governador.

Na oportunidade, o chefe do Executivo Estadual lembrou que neste mês foi assinado, com a Itaipu, um acordo de R$ 60 milhões que irá beneficiar oito comunidades indígenas e que, no caso específico das aldeias de Dourados, o projeto será contemplado por meio de recursos próprios, emendas parlamentares ou verba do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas não há prazo para isso.

Tiros, bombas e gritos

Em vídeos compartilhados nas redes sociais, os indígenas denunciam que o Choque usou força excessiva na ação de desbloqueio, efetuando tiros com munições não letais e bombas de fumaça. Para a investida, foram mobilizadas 18 viaturas do Batalhão de Choque, PMR (Polícia Militar Rodoviária), Polícia Militar Rural e do Canil. Desse total, 10 foram apedrejadas pelos indígenas e cinco policiais se feriram.

A rodovia estadual continua interditada nos dois sentidos, mesmo após o trator usado para impedir o fluxo de veículos ter sido apreendido. Pelo menos quatro indígenas já foram presos por desacato e encaminhados para a delegacia de polícia local. Um caminhão-pipa foi acionado para abastecer as comunidades e tentar acabar com o protesto. A Secretaria do Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) divulgou uma nota:

“A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, esgotadas todas as vias de negociação, e para garantir os direitos constitucionais, agiu na manhã desta quarta-feira (27) para desobstruir as rodovias estaduais que estavam bloqueadas. Com apoio do Corpo de Bombeiros Militar e de equipes da Agesul, removeram entulhos e apagaram focos de incêndio nas pistas. As forças de segurança manterão efetivo para garantir a paz em todo território sul-mato-grossense. O governo estadual reforça seu compromisso com a transparência, refutando iniciativas político-eleitoreiras, e age em prol de um caminho de justiça e respeito. Em tempo, o governo de MS, por meio da SEC, se manteve em contínuo diálogo com todos os envolvidos em busca, sempre, de uma solução pacífica, e lamenta episódios de agressões e enfrentamentos.”

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