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quinta-feira, 23 de janeiro, 2025
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Falta de cercamento e passagens seguras na BR-262 põe em risco a vida da fauna pantaneira

Desde o ano de 2016 até 2025, 20 onças-pintadas foram mortas atropeladas na rodovia federal BR-262, no trecho entre Corumbá e Miranda, na entrada do Pantanal de Mato Grosso do Sul. O caso mais recente aconteceu no dia 19 deste mês, na altura do Buraco das Piranhas, até então, segundo o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), o último registro tinha sido em abril de 2023.

O impacto alarmante das rodovias sobre a fauna silvestre não se limita a somente onças, dados do Projeto Bandeiras e Rodovias, do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), apontam que entre maio de 2023 a abril de 2024 foram 2.300 animais mortos no trecho de 350 km entre Campo Grande e a Ponte do Rio Paraguai. Entre as vítimas estão tatus, jacarés e cachorros-do-mato, animais típicos da fauna pantaneira.

Para os especialistas, isso é consequência da falta de cercamentos e passagens seguras para as espécies. Em novembro de 2024, houve a aprovação do Plano de Mitigação de Atropelamentos de Fauna pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que prevê a instalação destes mecanismos, mas ainda não há previsão de quando será feito pelo órgão.

Em setembro de 2024, organizações ambientais criaram o Observatório Rodovias Seguras para Todos que fará o monitoramento da implementação efetiva de medidas de mitigação em rodovias estaduais e federais de Mato Grosso do Sul. Entre as áreas prioritárias estão as rodovias MS-040, MS-267, BR-262, BR-163 e BR-267, além das vias no entorno de Bonito.

O observatório também acompanhará os impactos da Rota Bioceânica e de novas concessões rodoviárias, buscando influenciar editais e condicionantes. Segundo Arnaud Desbiez, presidente do ICAS, “a implementação dessas medidas é crucial para a proteção da biodiversidade e a segurança viária. Não é apenas uma questão ambiental, mas de segurança para todos os que utilizam essas rodovias”.

Ele ainda reforça que para preservar a rica biodiversidade do Pantanal e garantir a segurança de motoristas e fauna, é imprescindível que as iniciativas avancem do papel para a prática. “Com a união de esforços e a priorização das medidas propostas, é possível construir um futuro mais seguro e equilibrado nas rodovias de Mato Grosso do Sul”, finalizou.

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