Presidente dos Estados Unidos também declarou que haverá novos anúncios de tarifas recíprocas na terça ou quarta-feira
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo (9) que anunciará, nesta segunda-feira (10), tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para o país. A medida representa mais um passo na sua política de protecionismo comercial. Além disso, Trump também revelou que anunciará tarifas recíprocas na terça (11) ou quarta-feira (12), para entrarem em vigor quase imediatamente.
O Brasil está entre os países que podem ser impactados. Segundo dados da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), a indústria nacional exportou US$ 796 milhões para os EUA em 2024, representando 14% do total das exportações do setor. Esse valor foi 16% maior em relação a 2023, quando o montante exportado foi de US$ 685 milhões.
Impacto nas exportações brasileiras
Os produtos de alumínio representam uma fatia significativa das exportações brasileiras para os Estados Unidos. Em 2024, o Brasil exportou 541,9 mil toneladas de alumínio e derivados, sendo 72,4 mil toneladas (25%) destinadas ao mercado norte-americano. Entre os produtos semimanufaturados e manufaturados, 32% do volume total foi para os EUA.
No caso do aço, os produtos semiacabados aparecem como a segunda principal exportação para os Estados Unidos, perdendo apenas para óleos brutos de petróleo, de acordo com a Câmara de Comércio Brasil-EUA. Em 2024, as exportações de semiacabados de ferro ou aço somaram US$ 3,5 bilhões, uma queda de 26,6% em relação a 2023, quando o valor foi de US$ 4,8 bilhões.
Empresas afetadas
A medida deve impactar diretamente três siderúrgicas brasileiras: ArcelorMittal, Ternium e CSN. Essas companhias lideram as exportações de semiacabados de aço, principalmente laminados planos, para os Estados Unidos, somando um total de US$ 2,8 bilhões em 2024.
As plantas industriais da ArcelorMittal e da Ternium localizadas em Pecém (CE) e no Rio de Janeiro são as principais fornecedoras desses produtos ao mercado norte-americano. Parte dessas exportações abastece diretamente siderúrgicas americanas para a produção de produtos finais.
No entanto, um ponto que pode ser levantado pelo Brasil em futuras negociações é o fato de que a indústria siderúrgica brasileira compra cerca de US$ 1 bilhão por ano em carvão dos Estados Unidos. Dessa forma, uma redução na produção brasileira poderia afetar também as exportações americanas desse insumo.
Reação do governo brasileiro
O governo brasileiro recebeu a notícia com cautela. Segundo fontes da área econômica, a medida já era esperada, visto que Trump adotou políticas protecionistas semelhantes durante seu primeiro mandato. A análise preliminar é de que a decisão não foi completamente negativa, pois atinge todos os fornecedores de aço e alumínio, sem um direcionamento específico ao Brasil.
Previsão para a indústria do aço no Brasil
A indústria siderúrgica brasileira já estimava uma queda na produção e nas vendas de aço em 2025, após um desempenho positivo em 2024. A previsão é que a produção de aço bruto caia 0,6%, para 33,58 milhões de toneladas, enquanto as vendas no mercado interno diminuam 0,8%, chegando a 21 milhões de toneladas.
Com a nova tarifa imposta pelos EUA, a expectativa é que as exportações possam sofrer impacto ainda maior, intensificando as preocupações do setor para o próximo ano.
