Sobre feminicídio da da jornalista Vanessa Ricarde, governador assumiu falhas no atendimento na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher
O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), participou nesta segunda-feira (17) do Roda Viva, um dos programas mais tradicionais da televisão brasileira, exibido pela TV Cultura. Riedel foi o primeiro governador do estado a ser entrevistado no programa, onde respondeu a perguntas sobre o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul, questões políticas e a morte da jornalista Vanessa Ricarde, que gerou controvérsia no Estado.
Sobre o caso da morte da jornalista, Riedel afirmou que o governo está revisando a atuação policial e não descartou a possibilidade de afastamento da delegada responsável pela investigação. Ele destacou a importância de lidar com a situação com transparência e, ao mesmo tempo, assegurar a independência da investigação.
Durante a entrevista, o governador, conhecido por ser cauteloso ao tratar de assuntos políticos, foi confrontado com perguntas mais incisivas, nas quais não se esquivou. Um dos momentos mais tensos foi quando foi questionado sobre a invasão ao Congresso Nacional no dia 8 de janeiro, fato que abalou a política brasileira. Riedel, que apoiou Jair Bolsonaro (PL) nas últimas eleições, afirmou que, embora tivesse se identificado com os valores do ex-presidente, ele não foi, de fato, apoiado por Bolsonaro.
Ao ser perguntado sobre sua visão sobre a invasão ao Congresso, Riedel foi claro ao afirmar que as movimentações de grupos em favor de um golpe devem ser investigadas, mas ponderou que nem todos os participantes estavam lá com essa intenção. “Atribuir a todos o movimento de golpe não acho justo”, disse ele, ressaltando a necessidade de punir aqueles que depredaram o patrimônio público e defenderam a ruptura do estado democrático.
O governador também foi questionado sobre a possibilidade de uma anistia para Bolsonaro, e reafirmou que é importante respeitar as decisões judiciais, pois elas são fundamentais para garantir a credibilidade das instituições. Quando o repórter insistiu sobre a elegibilidade de Bolsonaro, Riedel afirmou que essa questão diz respeito à justiça, deixando claro que a decisão deveria ser tomada dentro dos parâmetros legais.
Em relação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Riedel foi crítico, especialmente sobre a situação econômica do país. “As coisas estão caras. As coisas estão difíceis e isso afeta diretamente a aprovação do governo”, disse. Para o governador, a principal razão para o desgaste do governo Lula é a perda do poder de compra da população, o que tem impactado negativamente a aprovação do governo.
Riedel também foi questionado sobre sua postura política e a polarização entre esquerda e direita. O governador se esquivou de tomar partido, destacando que seu foco está em uma agenda de políticas públicas que visa o desenvolvimento do país, a redução da pobreza, e a melhoria de setores como saúde, educação e transporte. “Estamos perdendo tempo com discussões ideológicas e não avançando nas soluções que a população precisa”, afirmou.
Por fim, quando indagado sobre suas preferências para as eleições presidenciais de 2026, Riedel mencionou alguns nomes de Mato Grosso do Sul que considera como possíveis candidatos, como Tereza Cristina e Simone Tebet, além de outros governadores como Eduardo Leite (PSDB), Ratinho Júnior (PSD) e Tarcísio de Freitas (Republicanos). Durante a entrevista, o governador foi chamado de “tucano nato”, o que ele recebeu com humor e com a disposição de continuar seu trabalho voltado para o Estado.
Morte de jornalista
O governador afirmou, com todas as letras, que houve falha do Poder Executivo e da própria sociedade na morte da jornalista Vanessa Ricarte, 42 nos, assassinada pelo ex-noivo Caio Nascimento.
“Meu sentimento pessoal, um caso extremamente lamentável, e infelizmente não é o único caso”, lamentou Riedel, quando questionado sobre a morte. Ele ainda lembrou que ano passado MS teve 30 feminicídios.
Riedel foi claro: “é claro que houve falha”. “O estado falhou, a sociedade falhou”, completou.
Sobre os servidores envolvidos no atendimento da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) à Vanessa, o governador revelou que nesta quarta-feira há uma reunião da cúpula da Polícia Civil para tratar o assunto.
“O que temos que fazer é compreender profundamente, apurar o ocorrido e buscar a correção”, comentou.
A entrevista completa pode ser conferida no programa Roda Viva, que teve um papel importante ao trazer à tona as perspectivas e desafios enfrentados pelo governador de Mato Grosso do Sul.
Confira a entrevista completa: