O projeto “Olubayo – Cinema nas Comunidades Quilombolas” segue sua circulação pelo Mato Grosso do Sul e, neste sábado (22), será a vez da cidade de Nioaque receber a exibição de filmes na Associação Quilombola Família Cardoso. O evento ocorre a partir das 19h, na Rua Nestor Cardoso, bairro Baia.
Com a proposta de levar a magia do cinema para os territórios quilombolas, o projeto busca promover reflexões sobre identidade, resistência e ancestralidade por meio de obras dirigidas por cineastas negros. As sessões incluem a exibição de cinco filmes: Fábula da Vó Ita, de Joyce Prado; Bonita, de Mariana França; Luzes Debaixo, de Tero Queiroz; Águas, de Raylson Chaves; e Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha, de Daphyne Schiffer.
A professora Bartô, idealizadora do projeto, destaca a importância de levar o cinema até essas comunidades. “O cinema dentro das comunidades quilombolas é um resgate. É um olhar sobre si, sobre nossa trajetória e nossa força. Cada filme exibido fortalece a autoimagem da população negra, trazendo para a tela histórias que dialogam diretamente com a nossa ancestralidade”, afirma.
Olhares negros sobre suas próprias histórias
Na sessão anterior do projeto, realizada em Furnas do Dionísio, a estudante campo-grandense Cristiane Oliveira compartilhou sua experiência ao assistir aos filmes e destacou a importância de narrativas contadas por pessoas negras. “Eu gostei muito, principalmente porque foram olhares negros sobre as histórias, falando sobre autoestima, vivências das mulheres, identidade e comunidade. Mesmo passando pela dor, pelo racismo, pela falta de oportunidade, elas se encontraram e se fortaleceram. Eu não sou quilombola, sou da periferia de Campo Grande, e por acaso estava aqui hoje. É muito bonito ver esse foco de alegria vindo para a comunidade negra, nós negros falando para pessoas negras. Forte, bonito demais”, compartilhou Cristiane.
A seleção de filmes do projeto Olubayo evidencia a potência do cinema negro e sua capacidade de construir novas perspectivas sobre a realidade. Para Mariana França, diretora de Bonita, a circulação dessas produções em quilombos é essencial. “As mulheres negras carregam histórias de resiliência e beleza. Ver nossas narrativas ganharem espaço dentro dos territórios quilombolas é fortalecer a autoestima coletiva”, pontua.
A trajetória do Olubayo segue pelo estado
O projeto Olubayo continua suas sessões em diferentes quilombos do Mato Grosso do Sul, levando histórias que refletem sobre identidade e pertencimento. A iniciativa tem investimento da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura, por meio de edital da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), do Governo do Estado.