05/03/2015 07h30
Estudante que teve coma alcoólico sofria do coração, diz laudo
Laudo necroscópico do Instituto Médico Legal (IML) aponta que o estudante Humberto Moura Fonseca era cardiopata e morreu de enfarte, possivelmente causado pelo excesso de bebida alcoólica que ele bebeu durante uma prova de resistência, na festa Inter Reps, no último sábado, 28, em Bauru, no interior de São Paulo.
Os legistas constataram que o estudante era portador de doença cardíaca – tinha o coração dilatado e estreitamento nas coronárias – e que o consumo exagerado de álcool pode ter potencializado o problema, reduzindo a circulação do sangue para o coração e causando o enfarte que o matou.
“É muito provável que o consumo excessivo de álcool tenha potencializado a doença pré-existente”, disse o diretor do IML de Bauru, Roberto Carlos Echeverria.
Estudante do último ano de Engenharia Elétrica, Fonseca entrou em coma alcoólica após ter bebido, segundo a polícia, 25 doses de vodca. Outras três pessoas que participavam da “competição” foram internadas em coma alcoólica. Duas delas receberam alta. Apenas a estudante Gabriela Alves Correa, de 23, continua internada.
Todos estudantes são Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru, que abriu sindicância para apurar o caso.
O delegado Kleber Granja, que preside o inquérito, disse que o resultado do laudo não muda a linha das investigações e a concepção da polícia de que os organizadores da festa assumiram os riscos ao realizá-la sem alvarás para comercializar bebidas alcoólicas e não disponibilizar estrutura adequada de socorro aos frequentadores.
Segundo Granja, por enquanto apenas os estudantes Luís Henrique Menegatti, de 22, e Gabriel Juncal Pereira, de 25, também da Unesp, são apontados como organizadores da festa e poderão responder, ao final do inquérito, por crimes de homicídio com dolo eventual (quando não tem intenção, mas se assume o risco) e três lesões corporais, também com dolo eventual.
O delegado se recusou a passar detalhes da investigação em função do segredo de justiça. Granja disse que decidiu decretá-lo “para garantir o bom andamento do inquérito”.