22.8 C
Campo Grande
segunda-feira, 10 de março, 2025
spot_img

Mulheres seguem ganhando menos que homens em cargos de direção no Brasil, aponta Dieese

Diretoras e gerentes receberam média de R$ 6.798 ao mês, enquanto homens, nos mesmos cargos, R$ 10.126, uma diferença de R$ 3.300

Mesmo com avanços na legislação voltados para a equidade de gênero no mercado de trabalho, as mulheres ainda enfrentam desigualdades salariais e menos oportunidades de emprego. Um boletim especial do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revela que diretoras e gerentes recebem, em média, R$ 6.798 por mês, enquanto homens nas mesmas funções ganham R$ 10.126. A diferença mensal de R$ 3.328 se traduz em uma perda de aproximadamente R$ 40 mil por ano para as mulheres.

Os dados do Dieese têm como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao terceiro trimestre de 2024. A pesquisa considera profissionais de diferentes segmentos e localidades do país, abrangendo desde diretores de grandes corporações até gerentes de lojas e diretores de escolas em pequenas cidades.

O levantamento mostra que, no Brasil, há 91,2 milhões de mulheres com 14 anos ou mais. Dessas, 48,1 milhões fazem parte da força de trabalho, sendo que 44,4 milhões estavam empregadas no período analisado, enquanto 3,7 milhões estavam desocupadas.

A desigualdade também se reflete nas faixas salariais mais baixas. Entre os trabalhadores que recebem até um salário mínimo, as mulheres representam 37%, contra 27% dos homens. Além disso, a renda média mensal real das mulheres é de R$ 2.697, enquanto a dos homens chega a R$ 3.459. Mesmo entre as trabalhadoras com nível superior, a diferença persiste: elas ganham, em média, R$ 4.885, enquanto os homens recebem R$ 7.784, uma disparidade de R$ 2.899.

Outro fator relevante é a carga horária. Embora a jornada remunerada dos homens supere a das mulheres em 4,3 horas semanais, as mulheres dedicam 10 horas a mais por semana a tarefas não remuneradas, como o trabalho doméstico. No acumulado do ano, isso equivale a 21 dias ou 499 horas adicionais de afazeres domésticos.

Para especialistas, a desigualdade persiste devido a barreiras estruturais e culturais. Segundo Angélica Petian, sócia do escritório Vernalha e Pereira, é fundamental que as empresas adotem políticas mais inclusivas, como programas de mentoria para mulheres, políticas de diversidade e canais eficazes de denúncia contra discriminação.

A Lei de Igualdade Salarial entre Homens e Mulheres (Lei 14.611/2023) trouxe avanços ao estabelecer mais transparência salarial e penalidades para empresas que descumprirem as regras. No entanto, especialistas apontam que a legislação, por si só, não é suficiente para garantir equidade salarial.

O Dieese reforça que a luta pela igualdade de gênero no trabalho deve ir além das discussões em datas simbólicas, como o Dia Internacional da Mulher, em 8 de março. A ampliação da participação feminina em espaços de negociação e liderança é vista como um passo essencial para a transformação desse cenário.

Fale com a Redação