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segunda-feira, 10 de março, 2025
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Manifestantes homenageiam vítimas de feminicídio com cruzes em avenida

Movimentos defendem a criação de secretaria das mulheres em MS

Neste sábado (8), Dia Internacional da Mulher, um ato simbólico contra a violência de gênero tomou conta da frente da Prefeitura de Campo Grande. Cruzes com os nomes de vítimas de feminicídio foram fincadas no local, reforçando a luta pelos direitos femininos e a urgência de medidas efetivas de proteção. O protesto reuniu cerca de 35 pessoas na Avenida Afonso Pena, no cruzamento com a Rua 25 de Dezembro, transformando uma data de celebração em um momento de luto e reflexão.

O ato trouxe à tona os nomes de Vanessa Ricarte, Mirielle Santos, Juliana Dominguez, Emiliana Mendes, Karina Corim, Aline Rodrigues, Gabriela Araújo Barbosa e Giseli Cristina, mulheres assassinadas em Mato Grosso do Sul. Em apenas três meses de 2025, o estado já registrou seis casos de feminicídio, evidenciando a gravidade da violência contra a mulher na região.

Durante a manifestação, gritos de “queremos viver” e “deixe-nos viver” ecoaram entre os participantes, que exigiam justiça e medidas mais eficazes de proteção. Uma das ativistas relembrou a história da jornalista Vanessa Ricarte, assassinada pelo ex-noivo mesmo estando sob medida protetiva. “Ela tinha a medida na bolsa, mas isso não foi suficiente para salvá-la. Quantas mais precisarão morrer para que algo seja feito?”, questionou.

Maria Cristina Ataide, membro do MCRIA (Fórum Permanente Pela Vida das Mulheres e Crianças de Mato Grosso do Sul), destacou a indignação ao ver tantas vidas ceifadas. “Você fica assim indignada. É uma rede e um monte de gente ganhando dinheiro dizendo que estão aprimorando as políticas para as mulheres. Até quando? É preciso que todas as mulheres digam ‘chega’, se fortaleçam e cobrem das instituições para que elas funcionem”, afirmou. Ela também ressaltou que as vítimas e suas famílias precisam ter voz.

Outro ponto de revolta entre os manifestantes foi o impedimento da entrada de mulheres com cartazes de protesto durante a inauguração da 4ª Vara de Violência Doméstica contra a Mulher, realizada na sexta-feira (7), em Campo Grande.

Pressão por políticas públicas

Para reduzir os casos de violência e ampliar as políticas públicas voltadas para as mulheres, os organizadores do protesto pressionam o governo estadual pela criação da Secretaria Estadual da Mulher, que teria como foco o enfrentamento da violência de gênero e a promoção de direitos femininos.

A vereadora Luiza Ribeiro (PT) destacou que a violência contra as mulheres tem raiz em uma visão social equivocada, que ainda as trata como inferiores. “Homens estão convencidos de que são superiores e, na primeira resistência delas, em qualquer área, partem para a violência. Temos que construir uma nova mentalidade, contrária ao machismo”, defendeu.

Atualmente, 19 estados brasileiros e o Distrito Federal já possuem Secretarias Estaduais da Mulher. A vereadora reforçou a necessidade de ações governamentais em diferentes frentes para garantir a valorização da mulher e combater todas as formas de machismo, opressão e violência.

Números alarmantes da violência contra a mulher

Os dados da violência de gênero em Mato Grosso do Sul são preocupantes. Apenas nos três primeiros meses de 2025, foram registradas 3.682 ocorrências de crimes contra mulheres no estado. Em Campo Grande, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) contabilizou 1.374 casos de violência doméstica até a última atualização, feita na quarta-feira (5). Em janeiro, foram 673 ocorrências, fevereiro teve 570 registros e, em março, já são 131.

O protesto deste sábado reforça a urgência de uma mobilização social e governamental mais eficiente no combate à violência de gênero, para que o Dia Internacional da Mulher possa, enfim, ser celebrado sem medo e sem luto.

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