A partir de sexta-feira (21) será possível ter acesso à modalidade no aplicativo da Carteira Digital
A nova modalidade de crédito para quem tem carteira assinada, chamada Crédito do Trabalhador, promete simplificar o processo de empréstimos consignados para quem trabalha no setor privado. A partir de sexta-feira (21), será possível ter acesso à modalidade no aplicativo da Carteira Digital. Especialistas alertam que a educação financeira é fundamental para evitar “armadilhas”.
O Executivo espera beneficiar cerca de 47 milhões de trabalhadores. A nova linha de empréstimo oferecerá juros mais baixos para quem tem carteira assinada, com recursos garantidos pelo FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
O economista Ricardo Buso explica que o crédito consignado é mais barato porque oferece menos risco a quem empresta, já que o desconto é feito automaticamente.
“A vantagem do consignado, principalmente para as famílias endividadas, é que você consegue trocar uma dívida por uma taxa menor e gerir melhor o orçamento e as finanças familiares”, afirma.
Durante o evento de lançamento desse novo modelo de empréstimo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu um diálogo “civilizado” com o Legislativo para aprovar a medida. Ele também ressaltou que o governo espera que o texto receba contribuições dos parlamentares durante a tramitação. “Essa é a forma civilizada que a gente vai estabelecer a partir de agora”, destacou.
O que dizem os especialistas?
Segundo a professora de economia do Ibmec Rio de Janeiro Gecilda Esteves, o tomador de empréstimo “precisa olhar para o orçamento doméstico, estabelecer uma lógica de gastos e colocar o pé no freio para que essa ação realmente possa surtir efeito com o passar dos anos”.
Ela destaca que a criação da modalidade é uma forma de o governo melhorar os aspectos de endividamento da população, mas ainda se trata de um empréstimo. “Existe um dever de casa para o profissional, para o tomador de empréstimo. Ele precisa fazer algo que o brasileiro muitas vezes evita: planejamento financeiro.”
Além disso, a professora destaca que é comum que muitas pessoas nem saibam quanto estão devendo. Por isso, é essencial analisar a dívida e ponderar se contratar o empréstimo ela será benéfico.
“Se o trabalhador pega o empréstimo para viajar ou comprar um bem que perde valor de mercado, mesmo estando altamente endividado, isso se torna um problema. A lógica que o governo está estabelecendo é a de redução do endividamento”, ressalta.
Ricardo Buso chama atenção para o cenário de juros altos — atualmente, a taxa Selic está em 13,25% — e alerta para a necessidade de cautela.
“Não é o momento ideal para se endividar. No entanto, essa modalidade pode ser interessante para quem já tem uma dívida, pois o crédito pessoal costuma ter juros maiores. O ideal é usar esse recurso para quitar uma dívida mais cara por outra mais barata”, explica.
O risco, segundo ele, está no uso do crédito para consumo. “A economia está aquecida, e o movimento do Banco Central é justamente no sentido de esfriá-la. Quanto mais estímulos surgirem para aquecer a economia, mais o BC terá que aumentar a dose amarga dos juros. Esse é o grande problema: uma briga de forças”, conclui.
Fonte: R7