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domingo, 20 de abril, 2025
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Palácio do Congresso Nacional celebra 65 anos de história nesta segunda-feira

Nesta segunda-feira (21), o Palácio do Congresso Nacional completa 65 anos, uma data que não só marca o aniversário da construção, mas também a transferência do Poder Legislativo do Rio de Janeiro para a recém-inaugurada Brasília. Projetado por Oscar Niemeyer, o Palácio se tornou um dos maiores ícones da capital federal e é considerado uma das obras favoritas do arquiteto. Suas cúpulas, a do Senado voltada para baixo e a da Câmara para cima, são símbolos do modernismo e têm um significado profundo na representação da arquitetura funcional e criativa.

Oscar Niemeyer, em uma entrevista ao Correio Braziliense de 1999, relembrou com carinho o momento em que o projeto do Congresso tomou forma: “Lembro-me quando os apoios da cúpula da Câmara foram retirados e o Palácio surgiu, simples e monumental. Com as cúpulas soltas no ar, destacando a importância hierárquica que representam”, disse Niemeyer, destacando a fusão de técnica e estética no projeto. “Era a integração da técnica com a arquitetura. Duas coisas que devem nascer juntas e juntas se enriquecer.”

A simbologia das cúpulas é outro aspecto essencial da concepção arquitetônica, como explica o arquiteto Fábio Chamon Melo, autor de uma dissertação de mestrado sobre o Congresso Nacional. Ele ressalta a surpresa que as cúpulas causam no horizonte da cidade, especialmente a cúpula invertida sobre o plenário da Câmara dos Deputados, uma revolução na arquitetura dos anos 60. “Cada uma das cúpulas de uma forma distinta, mas comungando uma solução estrutural comum, estabelece um diálogo inteligente e criativo entre as duas casas do Congresso”, afirmou Chamon.

O interior do Palácio do Congresso Nacional também é uma obra de arte por si só. Mobiliário e obras de arte do modernismo brasileiro e internacional foram escolhidos para integrar os salões, criando uma atmosfera que reflete a grandiosidade e modernidade da época. Chamon destaca que a arquitetura e seus interiores são inseparáveis: “Internamente, o edifício deveria retratar esse ambiente palaciano modernista de forma mais potente. A presença de obras de arte era fundamental.”

O arquiteto Maurício Matta, que já coordenou o Departamento Técnico da Câmara dos Deputados, considera o Salão Verde o ponto central da Casa. Este espaço, que serve como um lugar de encontro e circulação, abriga um conjunto de obras de artistas renomados, como o painel de azulejos de Athos Bulcão e o anjo de bronze de Ceschiatti. “A arte, para Niemeyer, estava sempre integrada à arquitetura. Ela fazia parte do conceito total”, afirmou Matta.

O mobiliário do Palácio, desenvolvido especificamente para o Congresso Nacional, também tem uma história própria. Criado entre 1970 e 1971, esse mobiliário reflete a visão de Niemeyer de integrar funcionalidade e estética. Chamon acrescenta que, ao invés de usar materiais caros de acabamento, Niemeyer preferiu usar a arte para valorizar os ambientes. “Cada ambiente tem uma personalidade única, derivada das obras que ali estão integradas.”

Outro ponto de destaque é o papel de Ana Maria Niemeyer, filha do arquiteto, que foi responsável pela escolha do mobiliário inaugural, desenhado junto ao pai. A primeira coleção de móveis, incluindo os conjuntos Paris e Easy Chair, é um exemplo claro da busca por uma ambientação integrada e moderna.

Em 1987, Brasília foi reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, sendo a primeira cidade moderna a receber tal título. Fábio Chamon Melo enfatiza a responsabilidade do Brasil em preservar este patrimônio mundial: “Ele é tão representativo que pertence ao mundo, e não apenas à sociedade onde está inserido.”

Para celebrar o aniversário de Brasília e os 65 anos do Congresso Nacional, o Palácio está com uma programação especial de visitas entre os dias 17 e 21 de abril. Durante esse período, os visitantes poderão conhecer o interior do Palácio sem necessidade de agendamento, com saídas de grupos de até 50 pessoas a cada 30 minutos. Além disso, haverá visitas guiadas especiais com roteiros inéditos em horários variados, incluindo o acesso à área das cúpulas do Palácio.

Comemorando 65 anos de história, o Palácio do Congresso Nacional permanece como um símbolo não apenas da arquitetura de Brasília, mas também da união entre arte, design e poder, que fez da cidade um marco da modernidade mundial.

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