29/03/2015 13h30
Depressão: saiba quando é necessário se afastar do trabalho
Extra
As evidências de que o copiloto Andreas Lubitz, suspeito de ter derrubado um avião da Germanwings na última terça-feira, sofria de depressão e havia rompido um noivado de sete anos recentemente servem de alerta para os riscos e as consequências que a doença pode implicar. Problemas emocionais e quadros de doenças psíquicas
— o alemão também teria sido diagnosticado com síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional
— podem prejudicar o desempenho profissional a ponto de o trabalhador colocar em risco a si próprio e a outras pessoas, dizem especialistas. Nesses casos, é preciso pedir licença médica e buscar tratamento.
— Certas categorias estão mais sujeitas ao estresse e, por consequência, à depressão, como empregados da aviação, policiais, professores, jornalistas e profissionais de saúde. São pessoas que ficam sujeitas a escalas muito pesadas e, com isso, acabam negligenciando aspectos da vida pessoal
— afirma o psiquiatra e psicoterapeuta Rodrigo Leite, diretor dos ambulatórios do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo.
Segundo o psicólogo Tiago Sant’Anna, do Hospital Daniel Lipp, os sintomas da depressão são desinteresse, mau humor contínuo, ganho ou perda de peso não intencional, problemas com o sono, autodepreciação e baixa autoestima.
Acupuntura contra o esgotamento
De acordo com o acupunturista e fisioterapeuta Márcio Luna, a acupuntura traz bons resultados no tratamento da síndrome de burnout quando aliada a terapias psicológicas e psiquiátricas. No início, o problema se caracteriza pela compulsão pelo trabalho.
Depois, expectativas frustradas levam a pessoa ao isolamento, à sensação de vazio interior e a mudanças comportamentais que podem culminar em suicídio.
— A síndrome de burnout é grave e exige tratamento imediato. Ela aparece em um contexto desestimulador, quando o ambiente de trabalho é opressor, quando não há mais perspectivas na profissão ou quando o empregado sofre assédio moral.
— explica Luna.
A acupuntura é útil ao regularizar a produção do cortisol, o hormônio do estresse.
‘A pessoa não precisa estar com depressão para se suicidar’
De acordo com Rodrigo Leite, o trauma do fim de um noivado tem impacto no trabalho
— Para algumas pessoas, o impacto da perda é terrível porque gera ruptura. O mundo se acaba. Isso traz sentimentos de raiva, injustiça e indignação muito associados a casos de suicídio e homicídio. Os deprimidos, em geral, não têm essa hostilidade voltada para eles mesmos e para os outros.
— pondera.
O médico ressalta que é importante saber que a pessoa não precisa estar com depressão para tentar suicídio:
— É mais provável que o que aconteceu tenha sido uma coisa de momento do que algo planejado. O fim do noivado pode ter gerado uma insatisfação grande, que levou a um ato impulsivo.
Nesses casos, quando há atitudes de risco, a pessoa deve ficar em casa se recuperando. Além do tratamento, é bom buscar o apoio de pessoas próximas.