08/07/2015 13h45
Tragédia anunciada: Romário diz que 7 a 1 foi reflexo dos desmandos fora de campo; já Tostão diz que CBF se recusa a mudar
EXTRA
O tempo passou e o futebol brasileiro insiste em não sair do lugar. A pressa da CBF em contratar um novo técnico após a goleada de 7 a 1 para a Alemanha deixou claro que mais importante do que refletir, era agir diante do fracasso. Um ano depois, veio o novo vexame, agora na Copa América, e mudar é preciso.
Romário, vitorioso nos Estados Unidos, em 1994, é talvez o maior crítico do atual momento vivido pelo futebol brasileiro. Para ele, o que aconteceu dentro de campo foi reflexo de vários erros cometidos fora dele.
- Sentado no sofá, fiquei triste. Mas tive outro sentimento em particular: impotência. Não porque eu queria estar em campo, mas porque eu via, já há alguns anos, o futebol brasileiro se deteriorando – afirmou o senador. – Dentro de campo, o diagnóstico era evidente, pânico e incapacidade de reação dos jogadores. Fora, o problema era bem pior… Uma complexa teia de corrupção que envolvia a CBF, federações, clubes, agentes, empresas de marketing e cartolas. Juntos, eles destruíam nosso futebol.
Para Tostão, campeão em 1970, a CBF repete os próprios erros depois da goleada:
- O 7 a 1 aconteceu e não mudou nada. A CBF e a maioria dos técnicos brasileiros encaram como se aquele jogo tenha sido um apagão. O placar foi atípico, mas foi uma mensagem da queda do nosso futebol – alertou Tostão. – Infelizmente, trouxeram um técnico para apagar isso rapidamente, para tentar as vitórias e nos fazer esquecer do 7 a 1, em vez de vivermos o luto, a perda, de refletirmos sobre isso.
A proposta de reflexão por parte da CBF vem tardia e com valor duvidoso. Na última segunda-feira, uma reunião entre ex-técnicos da seleção na sede da entidade teve como propósito discutir alternativas para que o futebol brasileiro possa voltar a ser forte. Como se fosse fácil novas ideias surgirem de velhas mentalidades.
- A verdade é que o futebol não mudou nada, desde os 7 a 1. Na verdade, o nosso futebol piorou. Não fizemos nada para mudar e agora, com esses escândalos de corrupção, a descrença do torcedor só cresce – lamentou Branco, ex-lateral-esquerdo campeão em 1994.