23/07/2015 15h30
Modelo trans estreia na Fashion Weekend Plus Size: “Podemos fazer tudo”
Uol
Aos 24 anos, a paulistana Renata Montezine espera abrir as portas para duas parcelas alvos de preconceito: as gordinhas e as transexuais. A jovem é a primeira modelo plus size trans a desfilar na Fashion Weekend Plus Size, evento cuja 12ª edição acontece neste sábado (25), em São Paulo (SP). “Quero mostrar que nós, transexuais, podemos fazer tudo”, fala ao UOL Moda. “Podemos ser enfermeiras, bombeiras. Basta as pessoas darem espaço para mostrarmos o nosso potencial”.
Nascida em Jundiaí (SP), Renata sabia que era diferente desde pequena. “Eu me olhava e ficava: ‘como assim sou uma menina, mas em um corpo de menino?'”, conta. Vendo a confusão da filha, os pais a levaram para falar com psicólogos. “Sempre tive muito apoio deles, que queriam também compreender o que eu estava passando”. Após as sessões com especialistas, a jovem começou a fazer a adequação de gênero aos 13 anos.
Sempre bem magra, Montezine viu o seu corpo mudar com o tratamento hormonal. Além de ganhar formas mais femininas, começou a adquirir peso. “Quando vi eu estava plus”, brinca a modelo de 1,70m e manequim 46. O interesse pela carreira na moda surgiu a partir dos elogios das amigas. “Mas eu ficava meio receosa pelo fato de ser gordinha e trans. Seriam dois fatores de preconceito”.
Mas a autoconfiança falou mais alto. “Foi quando eu procurei a Renata [Poskus, organizadora da FWPS] e falei que tinha vontade de desfilar”, explica. O contato foi feito pelo próprio Facebook e, após contar sua história, conseguiu seu primeiro trabalho. “Vai ser o meu grande lançamento”, fala, orgulhosamente.
A modelo pretende usar o espaço conquistado para dar mais visibilidade às mulheres trans. “O preconceito, não vou mentir, sempre vai ter. Mas é muito mais pela falta de entendimento, por não saberem o que é [a transexualidade]”.
Porém, Renata admite que, por ter aparência bastante feminina, não sofre tanto quanto trans que ainda estão nas primeiras fases de adequação de gênero. Um jeito de melhorar a vida social da trans seria acelerar o processo de mudança de nome no RG, segundo ela. “Para a gente não sofrer este tipo de constrangimento. Precisamos de aceitação e respeito ao próximo porque todos somos seres humanos”.