30/07/2015 16h30
Morte de ambulante em trilho da SuperVia será investigada pela polícia do Rio
EXTRA
A morte de um ambulante nos trilhos da SuperVia virou caso de polícia. Adílio Cabral dos Santos chegava todo dia aos arredores da estação da SuperVia de Madureira para vender doces no trem. Na terça-feira, de acordo com testemunhas, pulou o muro da linha férrea para tentar chegar à plataforma, mas foi atingido por uma composição em alta velocidade. Segundo comerciantes, teve a morte constatada na hora, por volta das 17h, por um operador de tráfego da concessionária que, para espanto dos que ali passavam, autorizou, alguns minutos depois, que outro trem passasse por cima do corpo. O site “Guadalupe News” publicou um vídeo que mostra uma composição passando sobre o cadáver.
Embora a SuperVia afirme que chamou o socorro imediatamente, o Corpo de Bombeiros diz que não foi acionado nesse momento, apenas soube do incidente às 19h15m porque atendia a outra ocorrência nas proximidades. O corpo foi recolhido só às 20h15m, cerca de três horas depois.
Alguns trabalhadores contam que um terceiro trem chegou a passar por cima da vítima. A SuperVia nega.
— Ao todo foram três trens. Nem parece que é verdade, mas passou o que atropelou e depois mais dois por cima — contou Henrique.
A 29ª DP (Madureira) informou que está investigando as circunstâncias da morte. O corpo foi encaminhado ao IML ainda sem identificação. Agentes agora buscam imagens das câmeras de segurança para ajudar no esclarecimento dos fatos.
Ao ser atropelado, com a força da batida, o corpo teria sido arremessado a cerca de dez metros, caindo no meio dos trilhos.
— Ele caiu justamente entre os dois trilhos. Foi por isso que o corpo estava inteiro depois do atropelamento. Senão, a cena teria sido ainda pior. Só soubemos que ele perdeu o pé — lembrou.
Henrique Oliveira, comerciante que trabalha na estação, conta o horror da cena:
— Quando vi o trem voltar a andar, não acreditei. Todo mundo gritava “não é possível”. Corri até lá e vi: realmente passaram por cima dele.
SuperVia apura o caso
Em nota, a SuperVia informou que o procedimento realizado no caso (em que o operador de tráfego autorizou o trem a passar sobre o corpo) está fora dos padrões da concessionária. A empresa apura o que levou à decisão e reforça que tem como princípios básicos de conduta o respeito ao próximo. A SuperVia também informou que imediatamente após o acidente acionou o Corpo de Bombeiros para o socorro, porém, não informou os horários de pedido de socorro, remoção do corpo e acidente. Segundo o órgão, a circulação de trens foi mantida das 17h até 20h30m, na terça-feira, mas com um desvio na altura de Madureira. Testemunhas contam, porém, que um segundo trem teria passado por cima da vítima por volta das 17h30m.
Já os bombeiros afirmam que foram acionados para uma ocorrência na estação por volta das 19h15m. Durante o procedimento, foram informados por funcionários de que havia um corpo na linha férrea. A equipe, então, constatou o óbito e seguiu com o socorro na outra ocorrência. A remoção do corpo foi pedida por volta das 19h e o corpo foi recolhido às 20h15m.
Imediatamente após o acidente, controladores da SuperVia chegaram ao local. Imagens feitas por pessoas que estavam na plataforma mostram alguns dos funcionários analisando o corpo e falando em celulares e rádios. Segundo contam testemunhas, eles já teriam constatado o óbito neste momento.