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Acampados do Estrela Guassú começam a deixar local

08/10/2014 21h17

Acampados do Estrela Guassú começam a deixar local

Dourados News

Aproximadamente 90 famílias que estavam acampadas no Residencial Estrela Guassú na região do Jardim Clímax começaram a deixar o local nesta quarta-feira (08) pela manhã. A ação de desocupação conta com a participação da Guarda Municipal de Dourados (GMD), Polícia Militar (PM), administração municipal e Força Tática.

A reintegração de posse foi designada pelo poder judiciário em reunião no último dia 24, na sede da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Dourados e que contou com uma comissão formada por oito pessoas que falaram pelos populares, que estavam no local desde o dia 8 de janeiro deste ano.

O prazo definido pelo poder judiciário para que as famílias deixem o local vai até sexta feira (10). Os acampados serão levados para um terreno na região da Embrapa.

Segundo João Vicente Chencareck, comandante da Guarda Municipal, as famílias irão para o terreno em segurança. “A Guarda acompanhará as famílias para o outro terreno para garantir que a retirada seja tranquila”, destaca.

O pedreiro Henrique Diniz estava realizando sua mudança e contou que sair Estrela Guassú não será fácil, já que ele não aceitou ir para o outro local designado pela prefeitura.

“Disseram que se não saísse hoje iam derrubar tudo, então estou indo procurar algum lugar para mim e para minha família, não vou para aquele terreno, fica distante de tudo, é pequeno demais, para mim não dá, o jeito vai ser voltar a pagar aluguel”, relata.

A acampada Jaqueline dos Santos ficou desapontada com a situação e questionou a derrubada do seu barraco.

“Se nosso prazo final é até sexta (10), qual o motivo de já derrubarem tudo hoje? Não precisava disso, queria sair pacificamente e reaproveitar algo do barraco, mas não vai dar. Estou desesperada pois para onde estão nos mandando não tem água, nem luz e é longe de tudo. Aqui ficava perto do meu trabalho e da escola das minhas três filhas”, declarou.
Em contato com a administração municipal, a diretora do Departamento de Habitação, Zelinda Fernandes, afirmou que a prefeitura conseguiu esse local provisório para os acampados e eles já sabiam das condições do local. “Nós havíamos explicado em reunião com a liderança do pessoal que esse local não é doado, até porque a prefeitura não pode fazer isso e eles deveriam se organizar em relação a fazer um poço por lá para terem água e arranjar também a questão da energia”, pontua.

A diretora enfatiza que os acampados irão precisar definir a situação. “É necessário que eles busquem um local, se organizem para construir ou lotear, enfim resolver, pois vale lembrar que o terreno não será cedido”, finaliza.

PROCESSO SE ARRASTANDO

O processo vem se arrastando desde janeiro, quando centenas de pessoas ocuparam a área onde obras paralisadas onde era construído um residencial e começaram a montar seus barracos.

No mesmo mês, o juiz titular da 6ª Vara Cível, José Domingues Filho decretou a reintegração de posse por parte da prefeitura e exigiu que os moradores saíssem do terreno, porém, a decisão foi suspensa e o processo foi prorrogado.

O entrave teve outras quedas de braço, porém, os moradores começaram a deixar o local aos poucos e das mais de 150 famílias, restaram penas 90.

CRIMES

Além da falta de estrutura, os moradores que passaram esses quase 10 meses acampados no local também sofreram com a violência. Foram três homicídios e diversas prisões por tráfico de entorpecentes, furtos, roubos e cumprimentos de mandados de prisão.

O primeiro assassinato ocorreu no dia 19 de fevereiro e vitimou Marcelo da Conceição Silva, 31, o ‘Neguinho’. Ele foi morto após receber dois tiros na região do tórax.

Pouco mais de três meses depois, foi a vez de Jeferson Cano Mariano, 22, morador do local ser morto com seis tiros de pistola. O crime ocorreu num bar da região central, porém, ‘Jefinho’, como era conhecido, foi um dos primeiros a ocupar o Estrela Guassu.

No mês passado, o adolescente Cláudio Lima da Silva, 14, foi morto na porta do barraco onde residia com a família no local.

Máquinas já retiram os barracos do local - Fotos: Rodrigo Bossolani

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