20.8 C
Campo Grande
terça-feira, 18 de fevereiro, 2025
spot_img

Antes de morrer, Vanessa Ricarte reclamou do atendimento na DEAM e agora Ministério das Mulheres cobra respostas

Comandado por uma ministra que já desfilou em terras sul-mato-grossenses, o Ministério das Mulheres se envolveu no caso do feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, ocorrido na última quarta-feira (12), em Campo Grande. O assassinato da profissional aconteceu logo após deixar a Casa da Mulher Brasileira, onde fica a sede da Delegacia Especializada no Atendimento À Mulher (DEAM), com a medida protetiva no seu favor, porém, sem ter uma escolta para lhe garantir a segurança.

Em nota enviada à imprensa, o Ministério informou ter encaminhado um ofício à Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul solicitando a abertura de um procedimento investigativo para apurar o atendimento prestado à jornalista. O mesmo documento também foi destinado ao Ministério Público Estadual (MPMS), cobrando esclarecimentos acerca das providências tomadas.

O posicionamento da pasta federal acontece após a repercussão de um áudio da vítima, extraído de uma conversa por telefone com um amigo, no qual ela diz ter sido mal atendida pela DEAM, sem ter acesso ao histórico criminal do companheiro/autor e também sem receber acompanhamento policial para ir até a sua casa e pegar as coisas para a mudança de endereço, conforme era o seu desejo.

Para a ministra Aparecida Gonçalves, esse percurso não poderia ter ocorrido sem a escolta da Patrulha Maria da Penha, de acordo com o protocolo de avaliação de risco para mulheres em situação de violência e que orienta o atendimento na Casa da Mulher Brasileira. “A equipe do Ministério das Mulheres viaja a Campo Grande ainda neste final de semana para dialogar com representantes da rede de atendimento”, informa a nota.

Ouça e leia a transcrição do áudio

Não aconteceu nada com o porque assim eu fui falar com a delegada fui tentar explicar toda a situação do jeito que ela me tratou também bem prolixo sabe bem fria seca e ela toda hora me cortava assim não eu queria entender quem que é essa pessoa vê o histórico da pessoa e falou para mim que não podia passar o histórico dele Mas que eu já sabia, porque ele mesmo tinha falado de agressões.

Aí eu falei: “Não, que eu queria entender a natureza dessas agressões”. Porque ele falou para mim que foi porque a mulher ameaçou a filha dele, enfim. Aí Aí ela falou: “Não, você aí você não vai falar, eu não vou, não posso te passar isso aí, é sigiloso, sigilo”. Sim, parece que tudo protege o o cara, né, o agressor. E aí o ainda não foi nem mandado tem que ter um mandado, né, judicial.

Então, hoje, por exemplo, não tem como ele assinar essa medida protetiva e passou aqui o telefone da oficial de justiça, né? Passou a senha do processo para eu ficar consultando. E do boleto de ocorrência, ela falou que não adianta acrescentar, porque não vai mudar muita coisa, porque já foi judicial.

E ele tá aí me perguntando, se eu falo com você, seu pai conversa comigo, você não conversa nada. Eu falei mas eu preciso minha casa, preciso tomar banho, faz dois dias que eu não tomo banho, troco de roupa. Aí ela então vai para a sua casa, você já avisou ele, manda uma mensagem falando para deixar a casa. Então assim, eles não entendem né, a dimensão do negócio. Porque ele já tinha falado para mim que só saía de casa para a polícia. Mas de qualquer forma eu vou ter que ir lá na casa e vou falar com ele isso aí.

Se ele falar que ele não vai sair, aí eu vou ter que acionar a polícia. Aí meus pais estão vindo, já vão brigar comigo tudo porque falar que eu fui precipitado, que esse cara depois vai me matar e tal, não tem o que fazer, porque ele só vai preso se tiver flagrante. Por isso que ele não foi preso no caso da da leca, né? Ele não Ele fugiu do do local do crime. Ele não tinha flagrante, não sei como que esse cara não foi preso depois.

E, eu tô aqui, pensando, raciocinando o que tá, o que que a gente pode fazer. E se for preciso, sei lá, aciona a doutora Cantes para ela acionar o MP, que é através do marido dela. Sei lá. É uma coisa desse sentido, é uma via que eu tenho, né?

E é isso, assim, eu tô bem impactada com o com atendimento da casa da mulher brasileira, sabe? Eu que tenho toda a instrução, escolaridade, fui tratada dessa maneira, imagina uma pessoa, uma mulher vulnerável lá, pobrezinha, vamos dizer assim, chegar lá toda vulnerável sem ter uma rede de apoio nenhuma. Chegar lá, essas que são mortas, né?

Essas que vão para estatística do feminicídio. E é isso. Eu tô cotada mentalmente falando. perdida, sabe? Tá decepcionada. Aí eu tô me sentindo me sentindo culpada porque eu fui registrar o BO hoje madrugada. Sabe, eu não briga comigo.

É uma coisa assim que eu fiquei chateada com meu pai falando: “Não, esse cara pode pegar depois, você não sabe o que vai dar e tal, não sei o quê”. Então, ele, eu fazendo ou não fazendo pelo que você disse, né? Eu fazendo ou fazendo o boletim de ocorrência, ele ele pode me acreditar de qualquer maneira, né?

Fale com a Redação