Nesta quinta-feira (28) e sexta-feira (29), o Armazém Cultural de Campo Grande é o cenário da 3ª Feira de Ciências, Inovação e Tecnologia (Fecit) da Rede Municipal de Ensino (Reme). O evento reúne 30 escolas, 270 alunos expositores e mais de 100 professores orientadores.
A exposição teve início nesta quinta-feira, às 8h30, e contou com a presença de familiares dos alunos e visitantes de outras unidades escolares, fomentando o interesse e a participação em futuras edições da Fecit.
Os projetos foram organizados em quatro categorias: as categorias 1 e 2 contemplam alunos da Educação Infantil (grupo 4 ao 1º ano) e do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Já as categorias 3 e 4, que serão apresentadas na sexta-feira, incluem trabalhos de estudantes do 5º ao 9º ano.
Os trabalhos expostos estão sendo avaliados por especialistas externos de universidades parceiras — públicas e privadas —, além de técnicos da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) com experiência em pesquisa e titulação de Mestrado e Doutorado na área.
De acordo com o coordenador da Fecit, Rafael Bartimann, ao considerar as ciências como áreas específicas do conhecimento, dotada de métodos e teorias específicas, a Fecit consegue trabalhar a formação integral do aluno e formá-lo em todos os aspectos, não só do ponto de vista do conteúdo, mas do ponto de vista da aplicação do conteúdo em resoluções de problemas do cotidiano. “Estamos na terceira edição da Feira e neste ano, conseguimos realizá-la no Armazém Cultural, sobretudo por ser um espaço que tem um valor histórico para Campo Grande. Aqui nós temos um contexto muito importante do patrimônio do município. E esse patrimônio pode ser trabalhado, hoje, concomitantemente com os temas das ciências”.
O secretário municipal de Educação, Lucas Bitencourt, visitou os estandes da Fecit e afirmou que a iniciação científica é o maior desafio quando o aluno ingressa na graduação. “Temos buscado trabalhar com os alunos o conceito do trabalho publicado, da tecnologia, para antecipar nesse aluno essa personalidade de buscar nele uma investigação científica, tecnológica, de avanços na rede e principalmente para que ele entre no Ensino Superior com a maior bagagem possível”.
Trabalhos
A professora do laboratório de Ciências, Ana Paula Pontes, da Escola Municipal de Tempo Integral Iracema Maria Vicente, desenvolveu durante o ano o trabalho da Iniciação Científica na Educação Infantil, estudando o processo de metamorfose da borboleta do Maracujazeiro. “Nós iniciamos esse trabalho a partir da leitura do livro A Lagartinha Comilona, que o objetivo era a sequência numérica, e devido à curiosidade das crianças sobre as lagartas, a gente resolveu acompanhar todo esse processo de desenvolvimento da lagarta até a borboleta”.
A unidade escolar tem um pé de maracujá e então, os alunos coletaram junto com a professora, o ovo da lagarta. “Colocamos num vidro, e ele foi se desenvolvendo. As lagartas foram nascendo, crescendo, formaram o casulo, e as borboletas, quando nascem, a gente solta elas nas dependências da escola. Então as crianças acompanharam todo esse processo, desde a limpeza do frasco, que ele tem que ser limpo diariamente”.
Aliado ao trabalho de Ciências entrou a Matemática. “Também nós fizemos uma trilha da borboleta, o desenho das crianças representando todo o ciclo, todas as fases da metamorfose e a sequência numérica, onde eles vão jogando e além de acompanhar o desenvolvimento, eles também aprendem sobre a sequência numérica e o joguinho matemática”, explicou a professora.
A aluna Jade Reis Batista, de 5 anos, viu o desenvolvimento da lagarta até surgir a borboleta. “Eu gostei de aprender que antes da borboleta nascer, tem o casulo. Foi muito legal”.
Consciência negra também é ciências
Da Escola Municipal Professor Licurgo de Oliveira Bastos, a professora do 2º ano, Letícia da Rocha de Araújo, trabalhou com os alunos sobre o Letramento Racial na escola. “Hoje nós temos a lei 10.639. A lei trata sobre todas as escolas têm que combater o racismo contra pessoas negras no Brasil. E aí o nosso trabalho faz isso. A gente pega o livro de ciências e analisa se hoje as políticas públicas do PNLD, que é o livro didático, têm combatido o racismo ou não nas escolas. E as crianças fizeram essa pesquisa, apresentaram para os colegas, apresentaram para os pais e familiares, e acaba que nosso trabalho não ficou só pesquisa, mas já faz esse combate ao racismo na nossa escola”.
Os alunos Enzo, João e Daniel estiveram na Fecit para explicar sobre o projeto desenvolvido durante o ano. “Foi muito legal e interessante estudar sobre a consciência negra e descobrimos muitas coisas que nos interessam como berimbau, atabaque, muitas coisas”, disseram.
A mãe de Enzo, Érika Jordanno, acompanhou o filho na Fecit. “É algo muito legal, porque o estudo em si mostra muita coisa, e eles estão muito felizes. Ele ficou bem motivado a estudar sobre o assunto e a Feira está linda”.
Lauany Gomes é mãe do Antony, aluno do grupo 5 da EMEI Paulo Siufi. “É a primeira vez dele participando da feira e ele estava bastante ansioso e aqui é uma oportunidade de crescimento e conhecer o trabalho de outras escolas é incentivador”.
Terrário dentro de sala de aula
Na Escola Municipal Desembargador Carlos Garcia de Queiroz, alunos do 3º ano juntamente com a professora de Ciências, Rita de Cássia Vilela, desenvolveram um terrário dentro da sala de aula.
Conforme a professora, foram trabalhados os ecossistemas, como a natureza funciona, porém, dentro de um vidro fechado. “O conceito que eu consegui tirar dos alunos em relação ao terrário foi que é um planeta dentro de um vidro. Porque tudo que está acontecendo ali dentro do terrário é o que acontece realmente à natureza de forma natural sem a interferência do homem”.
A aluna Isabele Saffe Feitosa, de 9 anos, disse que desenvolver o terrário foi de muito aprendizado. “Aprendemos sobre plantas, sobre o ciclo da água, o ciclo da borboleta e de outros insetos e animais”.