17/03/2015 19h00
Auditoria aponta desvio de R$ 700 milhões durante 10 anos na Enersul
Deputado pretende propor CPI e diz que irá acionar o MPF e a Polícia Federal
Auditória realizada pela empresa PwC (PricewaterhouseCoopers), a pedido da Câmara de Valores Mobiliários, apontou um “desvio” de cerca de R$ 700 milhões na Enersul, durante o período de 2002 a 2012. O documento aponta ainda a existência de uma folha de pagamento confidencial que beneficiava diretamente 35 pessoas.
O pedido para realização da auditória foi protocolado junto a Câmara de Valores Mobiliários em 29 de agosto de 2013, a pedido do deputado estadual Marquinhos Trad (PMDB) e o então deputado Fábio Trad (PMDB). Segundo Marquinhos, eles procuraram a entidade após insistentes denúncias de irregularidades junto a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Conforme o parlamentar, a auditória apontou que dezenas de contratos superfaturados foram firmados com empresas dos próprios donos do grupo Rede, responsável por administrar a Enersul, durante o período de 2002 a 2012.
Segundo ele, somente neste período, as empresas Elucid Solutions S/A e RDG-RQM Participações, de propriedade de Jorge Queiroz e de sua esposa, Regina Beatriz, abocanharam 186.8 milhões em contratos com a empresa.
“Eles faziam isso de forma irregular, se fazendo valer do poder para obterem vantagens pessoais com suas empresas. Além disso, nenhuma dessas transações eram divulgadas, tudo foi feito no escuro”, ponderou.
De acordo com o deputado, além desta, se somam outras irregularidades, entre elas a existência de uma folha de pagamento confidencial que beneficiava 35 pessoas físicas e jurídicas, que não tiveram os nomes revelados. O relatório apontou ainda que cerca de 185 milhões foram sacados da conta da Enersul.
Fora isso, Marquinhos afirma que recebeu denúncia da contratação de pessoas sem competência técnica, indicadas por políticos, para atuar na Enersul. “Juntas essas pessoas recebiam quase R$ 20 mil por mês”, disse Marquinhos.
Conforme o deputado, todas as irregularidades encontradas devem compor um pedido de criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e serão encaminhadas para o MPF (Ministério Público Federal) e Polícia Federal.
“Não podemos se omitir em relação a isso. Era uma empresa que recebia dinheiro do povo. E o povo está sendo lesado com todas essas irregularidades. Sem contar que isso está impactando nos reajuste que passam dos 40%”, concluiu.
Histórico – Em 2012, a Aneel determinou intervenção no grupo Rede. A medida durou 1 ano e 8 meses até que a Energisa assumisse o controle de todas as 8 unidades do grupo, incluindo a Enersul. A transferência do controle e aprovação de um plano de recuperação das concessionárias eram condições para o encerramento da intervenção pela agência reguladora. A compra do grupo aconteceu em abril de 2014.
O Campo Grande News tentou contatar algum representante do grupo Rede, responsável por administrar a Enersul na época das denúncias, mas até o fechamento desta matéria não obteve retorno.
Com informações Campo Grande News