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segunda-feira, 7 de abril, 2025
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Brasil aposta em inovação e prevenção para conter a tuberculose

País registra aumento de 30% nos tratamentos preventivos em 2024 e aposta em terapias de curta duração para frear avanço da doença

O Brasil tem intensificado seus esforços para eliminar a tuberculose como problema de saúde pública, com foco na ampliação da prevenção e no uso de terapias inovadoras. Segundo o Boletim Epidemiológico da Tuberculose 2025, o número de tratamentos preventivos cresceu 30% em 2024, impulsionado principalmente pela adoção de regimes medicamentosos mais curtos e com menor toxicidade.

A principal estratégia tem sido o uso do tratamento conhecido como 3HP, que combina os antibióticos isoniazida e rifapentina em doses semanais durante três meses. Esse protocolo, que exige apenas 12 doses no total, já representa 72% dos tratamentos preventivos realizados em 2024, contra 52,4% em 2023. A adesão tem sido maior devido à menor duração e aos efeitos colaterais reduzidos em relação ao tratamento tradicional, que pode durar até nove meses.

“O uso de tecnologias preventivas é essencial para alcançarmos a meta de eliminação da tuberculose. Em breve, teremos ainda uma terapia de 28 dias, com potencial para adesão ainda maior”, afirma Draurio Barreira, diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs do Ministério da Saúde.

Além da inovação nos tratamentos, o país também aposta na prevenção da infecção latente da tuberculose – quando a pessoa carrega a bactéria de forma adormecida. Esse cuidado é considerado fundamental para evitar o avanço da doença ativa, especialmente entre crianças, pessoas vivendo com HIV/aids e contatos domiciliares de infectados.

Diagnósticos ainda refletem impactos da pandemia

Apesar dos avanços, o número de diagnósticos de novos casos de tuberculose permanece estável. Em 2024, foram registrados 84.308 casos, uma leve queda em relação a 2023, que teve 84.994 notificações. O número ainda está acima do observado em 2020 (69.681), reflexo dos efeitos da pandemia de Covid-19, que levou à subnotificação e dificultou o acesso aos serviços de saúde.

Durante a pandemia, muitos pacientes com tuberculose foram inicialmente tratados como casos de Covid-19. Além disso, o isolamento social contribuiu para a disseminação da doença dentro dos lares, principalmente entre pessoas que desconheciam o diagnóstico.

Iniciativas intersetoriais e novos investimentos

Na luta contra a tuberculose, o governo brasileiro também lançou o programa Brasil Saudável, iniciativa inédita que reúne 14 ministérios e parceiros estratégicos para combater as doenças relacionadas à vulnerabilidade social, entre elas, a tuberculose. A proposta busca integrar políticas públicas para reduzir desigualdades que impactam diretamente na incidência da doença.

O Ministério da Saúde também aumentou os recursos destinados ao enfrentamento da tuberculose. Foram R$ 100 milhões investidos em ações de vigilância, prevenção e controle, além de R$ 20 milhões aplicados em pesquisas científicas, em parceria com o CNPq. Outros R$ 6 milhões foram direcionados a projetos de mobilização social conduzidos por organizações da sociedade civil.

Apoio digital ao diagnóstico e prevenção

Entre as ferramentas lançadas, destaca-se o aplicativo Prevenir TB, criado para auxiliar profissionais do SUS na tomada de decisões clínicas sobre o tratamento preventivo. O app, baseado em tecnologia Progressive Web App, permite acesso rápido e prático em diferentes dispositivos, orientando os profissionais a partir de perguntas direcionadas sobre o histórico e sintomas dos pacientes.

Além disso, o Ministério da Saúde vem intensificando ações de qualificação dos serviços de saúde, com apoio técnico e fornecimento de dados estratégicos aos gestores e equipes locais, contribuindo para políticas públicas mais eficientes e territorializadas.

Reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como referência global no combate à tuberculose, o Brasil reforça seu compromisso em eliminar a doença como ameaça à saúde pública, investindo em inovação, prevenção e articulação intersetorial.

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