A Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau) está avaliando uma proposta para reduzir em duas horas o horário de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e das Unidades de Saúde da Família (USFs). A mudança, discutida em uma reunião interna, poderia resultar no fechamento dessas unidades às 17h, em vez das 19h, como ocorre atualmente. Com 74 unidades de saúde espalhadas pela cidade, a medida visa diminuir os custos com energia, água e jornada de trabalho dos profissionais.
Se confirmada, a alteração teria um impacto significativo para os pacientes. Muitos deles poderiam ser forçados a buscar atendimento em unidades que funcionam 24h, como as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e os Centros Regionais de Saúde (CRSs). De acordo com o site Correio do Estado, um médico, que preferiu não se identificar, apontou que a mudança poderia aumentar o fluxo de pacientes nessas unidades, resultando em sobrecarga nos serviços de emergência.
Embora a proposta tenha como objetivo economizar recursos, a medida pode acarretar desafios operacionais e financeiros, uma vez que a demanda nas unidades 24h deve crescer. A redução do horário de funcionamento das UBSs e USFs ainda não foi oficialmente confirmada, mas fontes internas indicam que a implementação poderia ocorrer já na próxima semana.
A análise dos novos horários está sendo conduzida pela equipe técnica da Sesau, que, até o momento, não forneceu informações sobre a data da mudança nem se medidas adicionais de apoio para as UPAs e CRSs serão adotadas. Em nota, a Secretaria declarou que está avaliando as necessidades de cada unidade e que ajustes podem ocorrer com base nos dados que estão sendo analisados.
A proposta representa uma mudança significativa, pois as UBSs e USFs passaram a contar com horários ampliados a partir de 2019, com a implementação do Programa Saúde na Hora, uma iniciativa do Governo Federal. O programa tinha como objetivo ampliar o atendimento e facilitar o acesso à saúde, permitindo que as unidades de saúde atendam no horário de almoço e à noite. Essa medida ajudou a desafogar as UPAs e emergências.
Na época, o então secretário municipal de Saúde, Marcelo Vilela, destacou que a ampliação do atendimento foi crucial para reduzir a sobrecarga nas unidades de pronto atendimento. Ele afirmou que mais de 70% dos pacientes atendidos nas UPAs poderiam ser atendidos nas UBSs e USFs, caso houvesse horários mais acessíveis. O fortalecimento da atenção básica visava diminuir a “urgencialização” dos atendimentos, evitando que casos que poderiam ser resolvidos nas unidades mais próximas se encaminhassem para serviços de emergência.
A possível redução no horário das UBSs e USFs levanta preocupações sobre o impacto nas UPAs e CRSs, que já enfrentam desafios para atender à população 24h. Embora a Sesau ainda não tenha confirmado se haverá reforços nesses locais, a medida pode alterar significativamente a dinâmica do sistema de saúde municipal, com reflexos tanto no atendimento à população quanto na gestão dos recursos.
