Após dois dias de julgamento, o júri popular decidiu pela condenação do ex-casal que matou a menina Sophia, de apenas dois anos, após agressões, tortura e estupro. O óbito da vítima aconteceu em janeiro de 2023, sendo que chegou já sem vida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Coronel Antonino, em Campo Grande.
A mãe dela, Stephanie de Jesus da Silva, foi sentenciada a 20 anos de prisão por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel, contra menor de 14 anos e homicídio doloso por omissão.
Já o padrasto, Christian Campoçano Leitheim, foi condenado a 32 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, meio cruel e contra menor de 14 anos, além de estupro de vulnerável.
A sentença foi proferida às 20h47 de quinta-feira (05). O corpo de jurado foi composto por quatro homens e três mulheres e referendada pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos. Nenhum dos dois réus assumiu a culpa pela morte da criança.
Durante o julgamento, a promotoria apresentou fotos dos ferimentos da menina e troca de mensagens feitas entre o casal no dia da morte. Foram ouvidos depoimentos de testemunhas e dos investigadores do caso.
Christian negou ter abusado a menina, dizendo que a considerava como uma filha. Também admitiu ter problemas com drogas e reconheceu que o relacionamento com Stephanie era conturbado e marcado por brigas, mas não a acusou pela morte da menina.
Já Stephanie alegou, na sua versão, que vivia um relacionamento abusivo, tinha medo de pedir separação e não sabia das agressões sofridas pela menina. Além disso, falou em cometer o suicídio.
“Eu ainda amo minha filha e sempre vou amar. Sem ela eu não tenho nem mais vontade de viver. Já tentei acabar com minha vida e até escrevi uma carta de suicídio porque não tem mais sentido viver a minha vida”, disse.
O caso
Sophia morreu no dia 26 de janeiro de 2023, após ser levada pela mãe à UPA do Bairro Coronel Antonino. Segundo o médico legista, o óbito havia ocorrido cerca de sete horas antes. Em depoimento, a mãe confirmou que sabia que a menina estava morta.
O laudo de necropsia do corpo da menina, emitido pelo Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL), apontou que a causa da morte foi por traumatismo na coluna cervical e confirmou que Sophia foi estuprada.
A declaração de óbito aponta que a causa da morte foi por um trauma na coluna cervical, que evoluiu para o acúmulo de sangue entre o pulmão e a parede torácica. O documento ainda diz que a menina sofreu “violência sexual não recente”.
As idas de Sophia à unidade de saúde eram frequentes. O prontuário médico da menina consta que ela passou por 30 atendimentos médicos em unidades de saúde da capital, uma delas por fraturar a tíbia.