A Semana em Campo Grande poderá ser de cinema gratuito para você e a qualquer cinéfilos, também ter, um bate papo com diretor do filme Sertânia. Assim, programaram o Cine Sesc Cultura e o MIS (Museu da Imagem e do Som), filmes a serem exibido presencialmente e pela internet. Serão pelo menos duas opções de filmes gratuitos nessa semana na Capital.
Conforme divulgação, o Cine Sesc exibe o drama francês “Esplendor”, presencialmente, mas para um público de no máximo dez pessoas. Já de forma on-line, o MIS, em parceria com o curso de Audiovisual da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) promovem a exibição do filme nacional “Sertânia”.
No Cine Sesc, as sessões de “Esplendor”, do diretor Naomi Kawase, acontecem na terça-feira (25) às 19 horas e também na quinta (27), com duas sessões às 15 e 19 horas. O drama foi produzido no Japão e França. A protagonista é Misako (Ayame Misaki), uma cineasta apaixonada pelas versões cinematográficas destinadas a deficientes visuais. Durante a exibição de um dos seus filmes, ela conhece Masaya Nakamori (Masatoshi Nagase), um fotógrafo que está perdendo a sua visão, mas que guarda um acervo de fotografias que atrairá Misako e fará com que ela se conecte com seu passado.
Pelo MIS-UFMS, acontece na quarta-feira (26), a partir das 19 horas, via on-line gratuito, o filme nacional “Sertânia”. A sessão ainda conta com bate-papo com diretor Geraldo Sarno. O evento faz parte do II Ciclo de Cinema Brasileiro Contemporâneo, projeto de extensão do curso de Audiovisual da UFMS. O link do filme é liberado 24 horas antes de cada exibição.
Sertânia – O filme relata os delírios de Antão (Vertin Moura), um jagunço que faz parte do bando de Jesuíno (Julio Adrião). Com metalinguagem e montagem não-linear, ficam evidentes as carências emocionais e projeção da figura paterna em Jesuíno, o conflito interno a respeito dos assassinatos que Antão provoca e a fome no Nordeste. Veja mais abaixo.

Serviços
O público no Sesc Cultura, na Avenida Afonso Pena, no Centro, é limitado a 10 pessoas por sessão e o uso da máscara é obrigatório.
Os interessados em participar do filme online, tem que enviar uma mensagem pelo WhatsApp no número (67) 99290-0440, e aguardar ser adicionado no grupo, onde será disponibilizado o link do filme 24 horas antes do debate.
Descritivo
O cineasta baiano Geraldo Sarno desbravou o sertão nordestino em mais de 50 anos de carreira e cerca de 20 produções audiovisuais, entre curtas, longas e programas de TV. Nome representativo do cinema brasileiro, Sarno fez de sua filmografia um mergulho profundo sobre a vida e os costumes do sertanejo, dando voz a um povo que vive sob o sol da miséria, da violência, das relações políticas e da busca por dias melhores.
O diretor de 81 anos marca seu retorno aos cinemas com Sertânia, realizado pela produtora cearense Cariri Filmes e rodado durante quatro semanas nas cidades de Milagres, Brumado e Marcionílio de Souza, no interior da Bahia. Dessa vez, Sarno ambienta a história no período pré-cangaço, na cidade fictícia de Sertânia. O protagonista é Antão, interpretado por Vertin Moura, um homem que nasceu em Canudos e que, após a vida familiar marcada por perdas familiares e pela saída do Nordeste para São Paulo, se vê parte do bando de jagunços de Jesuíno Mourão, papel de Julio Adrião.
A trama de Sertânia explora as relações de poder no interior nordestino, as dores familiares que atormentam a vida do protagonista, a luta pela sobrevivência e os rostos que habitam esse sertão pobre e violento: “O filme tem uma estrutura polifônica que joga no filme uma série de temas que se entrecruzam. Se eu fosse destacar alguns seriam: a questão do olhar, que atravessa todo o filme, a paternidade, a religiosidade e o tema da casa, de como chegar ao lar, encontrar uma morada na terra. Esses quatro pontos poderiam definir o filme, talvez. Eu não quero me estender para buscar os outros temas que estão por ali, mas esses são os principais, dos quais destaco a questão do olhar, do ver, que é, sempre foi, a questão central do cinema”, afirma o diretor Geraldo Sarno.

Sertânia estabelece uma conexão temática com a filmografia anterior de Sarno, ao mesmo tempo que busca novas estratégias para contar essa história, em um processo de atualização da própria carreira do diretor. A obra se distancia da trama tradicional sobre o sertão, ainda que a ambientação no início do milênio traga os signos conhecidos do gênero. Sarno propõe uma narrativa não-linear baseada nos delírios do protagonista que, ao começo do filme, está ferido e rasteja pelo solo árido do sertão.
O enredo parte dos delírios de Antão à beira da morte, momento em que ele revisita suas memórias da infância, especialmente a perda do pai, e de seu envolvimento com o bando de Jesuíno, tendo na fotografia de Miguel Vassy, na montagem, realizada em parceria com Renato Vallone, na música de Lindenbergue Cardoso e na participação da população local trunfos essenciais à realização do filme. O roteiro, desenvolvido por mais de dez anos por Sarno, passeia pela vida de Antão em apenas um dia, enquanto ele agoniza de dor. A proposta da obra está em repensar esse passado, colocando-o em diálogo com as perspectivas atuais da fome e da miséria que ainda assolam o sertão nordestino e da violência crescente do Brasil de hoje.
Com imagens em preto e branco que exploram as locações desérticas do interior baiano, Sertânia culmina em uma reflexão cinematográfica sobre o sertão e o Brasil, que começou com Viramundo (1964): “Sertânia é resultado de uma reflexão sobre o nosso país que venho realizando em todos meus filmes desde o primeiro, Viramundo. Nos curtas e longas, de ficção ou documentário, tenho buscado fazer do cinema, de sua linguagem, uma forma de pensar a vida, o mundo e a própria linguagem cinematográfica que se tornou, nesta geração, universal e dominante. Nos anos 1960 nos fizeram crer que o cinema não mudava o mundo. Hoje, creio, não há mais pudor em confessar que o cinema e os meios audiovisuais transformaram aceleradamente a sociedade humana. E nem sempre para melhor. Em meus filmes busco refletir sobre isso também”, finaliza o diretor.
O elenco conta também com Lourinelson Vladmir, Igor de Carvalho, Gilsérgio Botelho, Kécia do Prado, Edgard Navarro, Isa Mei, Marcelo Cordeiro, Rogério Leandro, Marcos Duarte e Teófilo Gobira.