Preso por ter matado o motociclista Matheus Frota da Rocha, de 27 anos, em um acidente que chocou os campo-grandenses pela covardia e violência, o colombiano Carlos Hugo Naranjo Alvarez, de 32 anos, vai responder apenas pelos crimes de homicídio doloso simples e na forma tentada. O inquérito policial foi concluído na quarta-feira (10) pelo delegado titular da 1ª Delegacia de Polícia Civil, Claudio Zotto.
Atualmente, Carlos Hugo está preso no Centro de Triagem de Campo Grande. Ele não pagou a fiança na ordem de R$ 50 mil para responder o processo em liberdade. A sua defesa, aliás, está tentando oferecer o próprio carro do acidente para cobrir parte do valor. Sobre isso, o pedido ainda não foi julgado pela Justiça.
O acidente aconteceu no dia 28 de fevereiro. A vítima pilotava uma motocicleta Honda Fan pela Avenida Salgado Filho, tendo como passageira uma jovem de 18 anos. No cruzamento com a Rua Guia Lopes, ele acabou batendo na lateral esquerda de um veículo modelo Mercedes-Benz C180, que era conduzido por Carlos em alta velocidade.
Para a investigação, Carlos não observou o sinal vermelho da via, causando a colisão. A polícia fez uso de imagens de câmeras de monitoramento da região para concluir a dinâmica da batida.
Após o acidente, Carlos fugiu sem prestar socorro às vítimas. Matheus teve a perna esquerda decepada e morreu no local. Já a passageira foi socorrida em estado gravíssima e encaminhada para a Santa Casa, onde permanece internada.
O carro do colombiano foi encontrado abandonado pela Polícia Militar de Rochedo nas margens da MS-080 poucas horas depois. Carlos foi localizado no posto de saúde do município e preso em flagrante. Ele só parou na estrada por falta de combustível.
De acordo com o inquérito, Carlos alegou que tinha sido sequestrado. Ele chegou a fazer o teste de bafômetro, que constatou 0,3 mg/l, tendo sido feito já às 12h15, horas após o acidente.
Depois, em depoimento, Carlos confessou que tinha saído com três colegas na noite anterior ao acidente e passou a madrugada em um estabelecimento na Rua Euclides da Cunha, onde bebeu cerveja e cachaça. De manhã, foram embora no carro dele. O motorista alegou que a sinalização semafórica no cruzamento do acidente indicava passagem para ele.
Após a batida contra a motocicleta, Carlos disse que ficou com medo de ser agredido, mas que parou logo mais a frente do local, onde os seus amigos desceram e foram embora. Já ele seguiu sem rumo, parando na rodovia por falta de combustível.
A investigação teve acesso a comanda de Carlos no estabelecimento citado por ele. A conta daquela noite foi fechada em R$ 1.230, com combos de whisky, energéticos e drinks.
Os amigos dele também foi ouvidos. Eles disseram que Carlos havia combinado sobre a versão do sequestro. Também afirmaram que o colombiano estava dirigindo acima da velocidade permitida, que furou vários semáforos vermelhos e fazia manobras perigosas.
“Embora exista normativa de trânsito acerca do homicídio culposo quando o agente se encontra sob influência de álcool ou substância equivalente, os fatos narrados extrapolam tal diretriz, visto que mesmo consumindo grande quantidade de bebida alcoólica, Carlos Hugo Naranjo Alvarez saiu do estabelecimento comercial com três passageiros, colocando em risco a integridade física deles”, cita o inquérito.
“Passou em sinal semafórico desfavorável e não prestou qualquer ato de auxílio, abandonando seus passageiros e seguindo pelas estradas, colocando em risco outras pessoas, visto que seu veículo estava danificado e com os airbags acionados, o que dificulta a visualização do caminho à sua frente”, finaliza o relatório da investigação.