Março de 2025 marca o início da transição do verão para o outono, mas o mês começa com um cenário atípico, segundo dados da Climatempo. A previsão para as próximas semanas indica a persistência de um bloqueio atmosférico, que deve afetar grande parte do Brasil durante a primeira quinzena do mês, e a possibilidade de novas ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) é baixa.
Esse bloqueio atmosférico já gera uma nova onda de calor sobre o país, sendo a quinta onda registrada em 2025. De acordo com modelos atmosféricos, essa situação pode persistir até o dia 5 de março, com a possibilidade de se estender até cerca do dia 10. Após esse período, espera-se que grandes mudanças ocorram na circulação dos ventos, permitindo a chegada de frentes frias ao Brasil, especialmente no Sul e Sudeste, onde a temperatura deve começar a cair na segunda quinzena.
Com isso, as médias de chuva em março são projetadas para ficarem abaixo do normal na maior parte do Brasil. O mês, tradicionalmente mais seco que os anteriores, terá um volume de precipitação reduzido em várias regiões. Embora a segunda quinzena de março traga maior regularidade de chuvas, a expectativa de recuperação das precipitações que faltaram durante o verão é baixa. A popularmente conhecida “água de março”, que tradicionalmente repõe os reservatórios, não deverá se materializar neste ano.
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O fenômeno La Niña, ainda presente, começa a perder força, refletindo em um ambiente mais favorável para a formação de frentes frias, o que poderá trazer mais instabilidade à região Sul. No entanto, a atuação do oceano Atlântico Sul, com temperaturas acima do normal, pode aumentar a precipitação no litoral de estados como Paraná e São Paulo. A formação de áreas de baixa pressão atmosférica será mais comum no litoral, mas as chuvas ainda devem ser limitadas, com pouca expansão para o interior do continente.
Episódios de chuva volumosa podem ocorrer nas áreas litorâneas destas Regiões, porém, as áreas de instabilidade não conseguem se expandir para o interior do continente.
O aumento da ocorrência de chuva pelo interior do Sudeste no Sul e também em áreas como Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal só deve ocorrer a partir do fim da primeira quinzena de março.
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Na Região Norte e no Nordeste, o cenário é diferente. A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) deve se manter em sua posição normal, facilitando o avanço de instabilidade e garantindo chuvas mais regulares para estados como Maranhão, Rio Grande do Norte e Paraíba. Já na Região Norte, as pancadas de chuva continuarão ocorrendo, embora sem a formação de sistemas especiais que possam causar um excesso de precipitação.
Embora o cenário de instabilidade aumente após o rompimento do bloqueio atmosférico, as previsões indicam que a formação de novas ZCAS, fenômenos responsáveis por grandes volumes de chuva no Brasil, é improvável. A previsão é de uma breve organização de umidade no interior do país, mas sem o desenvolvimento de sistemas de chuva excessiva.
Em resumo, março de 2025 deve terminar com temperaturas acima da média e chuvas dentro ou abaixo da normalidade na maior parte do Brasil, sem que a estação chuvosa tenha sido plenamente restabelecida. O mês de transição promete um cenário climático instável, sem grandes mudanças no volume de precipitação que, devido ao bloqueio atmosférico, não será suficiente para reverter a falta d’água em muitas regiões.