O Dia das Crianças de 2024 foi especial para muitas famílias, mas, para Josy Gonçalves e seu filho Alliffer Matheus Bezerra, ele marcou o início de um milagre.
Diagnosticado ainda bebê com cistinose nefropática, uma doença rara que compromete os rins, Alliffer enfrentou uma batalha de mais de uma década contra todas as adversidades, até que sua história tomasse um rumo inesperado e emocionante.
Um diagnóstico difícil e uma jornada de superação
Tudo começou em 2011, quando Alliffer, então com apenas seis meses, apresentou sintomas graves de desidratação. Josy, que mora em Dourados, procurou ajuda em postos de saúde locais, mas sem respostas.
O quadro se agravou rapidamente, e Alliffer foi transferido para a Santa Casa de Campo Grande, onde ficou entre a vida e a morte. “Os médicos chegaram a desenganar ele. Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida”, relembra Josy.
Após inúmeros exames e consultas com especialistas, veio o diagnóstico de cistinose nefropática, uma condição tão rara que, na época, não havia tratamento disponível em Campo Grande. Começava então uma rotina desgastante: por nove anos, mãe e filho viajaram regularmente para São Paulo em busca do tratamento adequado. “Foram anos de muita luta, cansaço e esperança. Eu nunca desisti dele”, conta Josy.
Em 2019, com a pandemia de COVID-19 dificultando as viagens, Alliffer começou a ser atendido no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), filiado à Rede Ebserh, em Campo Grande. Lá, encontrou não apenas cuidados médicos, mas também profissionais que se tornaram uma segunda família.
A batalha contra a insuficiência renal
Com o avanço da doença, os rins de Alliffer deixaram de funcionar, e ele precisou iniciar a diálise peritoneal, um procedimento que realizava diariamente em casa. No entanto, após oito meses, seu organismo não suportou mais o tratamento, e ele precisou migrar para a hemodiálise. Durante três anos, essa rotina extenuante passou a fazer parte de suas vidas, enquanto a esperança por um transplante permanecia viva.
“Ele sempre foi uma criança muito forte e alegre, mesmo com tudo o que enfrentava. Chegava às sessões de hemodiálise sorrindo, encantando a todos com sua fé e determinação”, lembra Josy.
Em 2023, após anos de espera, Alliffer entrou oficialmente na fila para transplante de rim. A ansiedade, misturada com a incerteza, tornou os dias ainda mais desafiadores.
Um Dia das Crianças inesquecível
No dia 30 de outubro de 2024, um respiro no meio dessa rotina pesada: Alliffer foi um dos pacientes da nefrologia pediátrica do Humap convidados para um passeio no Bioparque Pantanal, promovido pela equipe de enfermagem. Lá, entre brincadeiras, sorrisos e o contato com a natureza, ele encontrou a Árvore dos Desejos, onde escreveu seu maior sonho: “Quero ganhar um rim novo”.
“Foi impossível não se emocionar naquele momento. Ele sempre foi muito determinado, muito ligado a Deus, e esse pedido mostrou mais uma vez o quanto ele nunca perdeu a esperança”, conta Josy.
O milagre acontece
O que ninguém imaginava é que esse desejo seria atendido tão rapidamente. Oito dias depois, na madrugada de 8 de novembro, o telefone tocou. Era de Belo Horizonte (MG), informando que havia um rim compatível para Alliffer. “Eu fiquei sem chão. Não sabia se chorava de alegria ou de nervosismo. Ele também não acreditava no que estava acontecendo”, relata Josy.
Alliffer foi levado imediatamente ao hospital, onde realizou a cirurgia na mesma noite na Santa Casa de BH. A operação começou às 22h e terminou às 3h da manhã. “Foram as horas mais longas da minha vida, mas, quando o médico veio dizer que tudo tinha corrido bem, eu senti como se tivesse nascido de novo junto com ele.”
Um novo começo
Hoje, com o novo rim funcionando perfeitamente, Alliffer não precisa mais de diálise. Ele está em plena recuperação, cercado pelo carinho da mãe, da equipe médica e dos amigos que fez ao longo dessa trajetória. “É uma nova vida para ele e para mim. Depois de tanto sofrimento, ele pode finalmente ser apenas uma criança”, comemora Josy.
Ela também faz questão de agradecer a todos que estiveram ao lado deles nessa caminhada. “As enfermeiras, os médicos, todo o pessoal do Humap são como uma família para a gente. Nunca vou esquecer o que fizeram pelo meu filho.”
Uma história de fé e gratidão
Para Josy, a data do transplante, 8 de novembro, será sempre lembrada como o renascimento de Alliffer. “Foi o melhor presente de Natal e Ano Novo que poderíamos receber. Só temos a agradecer a Deus e a todas as pessoas que nos ajudaram. É como se um milagre tivesse acontecido depois de tanta luta.”
A história de Alliffer é um lembrete poderoso de que, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, a fé, o amor e a esperança podem superar qualquer obstáculo. “Agora é vida nova, vida cheia de sonhos, porque sei que ele tem um futuro lindo pela frente”, conclui Josy, com um sorriso emocionado.